quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Dia do Folclore - 22 de agosto


Hoje longe muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortá pro meu sertão"

ASA BRANCA,LUIZ GONZAGA E HUMBERTO TEIXEIRA

FOLCLORE, um universo fantástico e telúrico, de onde eclodem forças “primitivas” e inimagináveis , como, por exemplo...


O Mito do Boto

UMA PROVA CABAL DO PODER DA ORALIDADE, INTERCONECTANDO O MUNDO, DESDE OS MAIS REMOTOS TEMPOS, SE NÃO, LEIA

O boto, mamífero de águas doces, é um cetáceo delfinídeo do gênero Sotália, parente do golfinho chinês e indiano que, desde a antiguidade clássica, tem sido considerado um símbolo lúbrico, um fetiche dedicado a Vênus ou Afrodite, deusa do amor. A razão disso é a analogia existente entre as qualidades protetoras e sensuais do boto tucuxi amazônico e aquelas atribuídas ao delfim consagrado a Afrodite, a deusa nascida do mar e protetora dos amantes. O golfinho, ou delfim, é também associado a Apolo, o deus da beleza, cuja associação resultou no nome de Delfos ao seu famoso santuário na Grécia. Além disso, uma tradição chilena ainda hoje conta a história dos peixes que foram os seres humanos pré-diluvianos, os quais, de tempos em tempos, saem dos rios e vêm procriar com as mulheres. Em muitos mitos, por sinal, em várias partes do mundo, sempre houve referências à fecundação por deuses e entes mágicos. Segundo o historiador Câmara Cascudo, alguns cronistas relataram histórias do boto como sendo a personificação do Uauiará, ou Uiara (Senhor das Águas), o grande amante das mulheres caboclas e índias na mitologia tupi.


O Curupira ,assim como o boitatá,  também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.



Folclore NÃO É APENAS FOLGUEDOS E FESTAS. É A HISTÓRIA CONSTRUÍDA PELOS ANSEIOS, ASPIRAÇÕES, SONHOS, DESEJOS, E ESPERANÇAS DE UM POVO, É UMA LINGUAGEM NA QUAL SE MANIFESTA A VIDA, EM SUA GRANDILOQUÊNCIA...

DIA 22 DE AGOSTO- Dia do Folclore Brasileiro


DIA 2 DE AGOSTO - Dia Universal do Folclore

 

Todo país tem seu folclore. Através dele fica na memória a história e a cultura de cada povo; o folclore é construído historicamente; folclore é “sabedoria do povo”

A palavra Folclore provém do neologismo inglês folk-lore (saber do povo) cunhado por Williem John Thoms, em 1846, para denominar um campo de estudos até então identificado como "antigüidades populares" ou "literatura popular".

Entretanto, é imprescindível ressaltar que a definiçao da palavra “folclore” abarca muitos diferentes- e até complementares – conceitos, ideias,ou seja, é palavra “polissêmica” , com várias interpretações, vários significados, vários conceitos (Polissemia é a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar mais de um significado nos múltiplos contextos em que aparece )

Geralmente, os fatos- “causos” - folclóricos tem autoria- criação- desconhecida, é , portanto, comum o anonimato;sendo assim de aceitação coletiva, internalizado pelo senso comum; cada pessoa absorve a essência folclórica e a repassa aos outros a partir de seu entendimento próprio; e da transmissão oral,assim, resumidamente, folclore:

__Anonimato, aceitação coletiva (senso comum), transmissão oral

 FOLCLORE são  lendas, contos com preceitos morais e normas de procedimento, narrativas imaginosas sobre a natureza e o sobrenatural, cantos, provérbios, parlendas, adivinhas, brinquedos, poesia,( ah, segundo alguns estudiosos, também, a “ciência popular”, curandeiros, parteiras, conhecedores da natureza, fazedores de chás, banhos, com ervas, pedras, e mais o que a natureza oferece ao homem para seu equilíbrio com a mãe terra, o cosmo, o universo!)

E TANTO MAIS HÁ A FALAR SOBRE “FOLCLORE” QUE, ORA, OPTAMOS POR LER E REFLETIR SOBRE ALGUNS PENSAMENTOS COM IDEIAS-MESTRA A RESPEITO DE CULTURA(S), “FOLCLORE”

·         A vida humana não se caracteriza por uma totalidade e uma racionalidade dominadores, um centro fixo, uma metalinguagem que possa apreender sua infinita variedade; há, apenas, uma pluralidade de culturas e narrativas que não podem ser hierarquicamente ordenadas ou "privilegiadas" e que devem, portanto, respeitar a inviolável "diversidade" de maneiras de fazer as coisas que não lhe são intrínsecas

·         A verdade é o produto da interpretação, os fatos são construções do discurso (...) o sujeito humano é uma ficção, tanto quanto a realidade que contempla

·         A cultura pós-moderna volta sua aversão por limites e categorias fixos para a tradicional distinção entre "grande arte" e "arte popular", desconstruindo o limite entre elas ao produzir artefatos autoconscientemente populistas ou comuns, ou que se oferecem como mercadorias para o consumo enquanto fonte de prazer.
Terry Eagleton
Do livro: Teoria da Literatura: Uma introdução. Trad. Waltensir Dutra, Martins Fontes


O VIRA
João Ricardo-Luli
 
O GATO PRETO CRUZOU A ESTRADA
PASSOU POR DEBAIXO DA ESCADA
E LÁ NO FUNDO AZUL
NA NOITE DA FLORESTA
A LUA ILUMINOU
A DANÇA, A RODA, A FESTA
.VIRA, VIRA, VIRA
VIRA, VIRA HOMEM, VIRA, VIRA,
VIRA, VIRA, LOBISOMEM.
BAILAM CORUJAS E PIRILAMPOS

ENTRE OS SACIS E AS FADAS
E LÁ NO FUNDO AZUL
NA NOITE DA FLORESTA
A LUA ILUMINOU A DANÇA, A RODA, A FESTA.
VIRA, VIRA, VIRA
VIRA, VIRA HOMEM,
VIRA, VIRA,
VIRA, VIRA, LOBISOMEM
HISTÓRIA DA MPB-Secos & Molhados 1973 -100 DISCOS FUNDAMENTAIS DA MPB
LJD


O pensamento mítico, historicamente, foi a primeira forma de compreensão do homem em relação a si, ao mundo
SER HUMANO, SER DE LINGUAGENS: movimento de fluxo e refluxo entre racionalidade e emocionalidade


CULTURAS, TRADIÇÕES, COSTUMES, CRENÇAS , LENDAS , DOGMAS, PRECEITOS, CONCEITOS, PRE-CONCEITOS, , SIGNOS, SIMULACROS, SÍMBOLOS ANTIGOS E MODERNOS ASSOCIADOS À VIDA

NA URDIDURA DESSES VIESES, VEMOS O SACI-PERERÊ , O NOSSO MOLEQUE TRAVESSO E BRINCALHÃO, O SACI-PERERÊ É UM PERSONAGEM DO FOLCLORE BRASILEIRO, TALVEZ O MAIS POPULAR DE TODOS.

 A carapuça do Saci lhe dá poderes mágicos. Ele pode  fazer desaparecer objetos, prender as pessoas, derrubar água, fazer uma chama de fogão se acender sozinha, etc. Quando alguém consegue tirar  de sua cabeça a carapuça, o traquino  fica sob o domínio dessa pessoa. Mas ele é muito esperto e rouba o gorro de volta. Na mata brasileira, o Saci nasceria em brotos de bambus.

A origem do mito, na verdade, está ligada a tribos de índios do sul do país. Mas a oralidade dá conta de um mito difundido e consolidado em todo o território nacional.

Num diálogo entre as culturas, o Saci-Pererê ganhou da mitologia africana o cachimbo, e da europeia a carapuça - muito parecida com o gorro vermelho do ente Trasgo [criaturinha que usa um gorro na mesma cor e tem poderes mágicos (numa lenda portuguesa)].

Uma ideia “maléfica” inicial da figura do Saci foi vencida, principalmente pela camaradagem dada ao mito popular pelo escritor Monteiro Lobato. E o Saci mostra-se apenas um trapaceador, porém amistoso e mesmo “filósofo”, paladino da justiça;assim, O Saci-Pererê ficou mais popular depois de adaptado às obras de Monteiro Lobato, sendo personagem do Sítio do Picapau Amarelo, como no livro intitulado O Saci:

Basta, amigo saci. Não quero mais saber de filosofias, quero conhecer os segredos da noite na floresta. Mostre-me os filhos do medo que você conhece. Desde que há tanta gente medrosa no mundo, deve haver muitos filhos do medo.

— Se há! — exclamou o Saci. — os medrosos são os maiores criadores das coisas  do medo. Aqui nestas américas, temos também muitas criações do medo, não só dos índios chamados aborígenes, como dos negros que  vieram da África ...

O Saci, Monteiro Lobato

 

SER HUMANO: social e comunicativo

·         ESTE VÍNCULO ORIGINÁRIO ENTRE A CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA E A MÍTICO-RELIGIOSA EXPRESSA-SE, SOBRETUDO, NO FACTO DE QUE TODAS AS FORMAÇÕES VERBAIS APARECEM OUTROSSIM COMO ENTIDADES MÍTICAS, PROVIDAS DE DETERMINADOS PODERES MÍTICOS, E DE QUE A PALAVRA SE CONVERTE NUMA ESPÉCIE DE ARQUIPOTÊNCIA, ONDE RADICA TODO O SER E TODO O ACONTECER.
CASSIRER

 
 


 

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