domingo, 9 de agosto de 2009

“ESCULTURAS PÚBLICAS”, QUE DIALOGAM E FAZEM PARTE DA PAISAGEM URBANA,UM “MERGULHO NA NATUREZA”; À LUZ DA PARTILHA DO SENSÍVEL

Umbigo da Terra I, escultura pública, em ágata, granito e cristais leitosos de quartzo; obra de Denise Milan, 1999 - Jardim das Esculturas - Museu de Arte do Parlamento de São Paulo - Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

América
A pedra partiu,
a Terra se abriu
E do seu interior
jorrou um caldo cósmico
cozido com as entranhas do universo
.Rugas aquecidas,de origens esquecidas,
se ergueram.
Jogaram para um dos cantos
a parte da pedra, que hoje se diz América.
Para o outro, a que se diz África.
O fundo dos oceanos
ciscou a superfície.
No Sul, estrelas de silício
ficaram suspensas
nos subterrâneos da noite basáltica,
a orientar os desnorteios
da humanidade vindoura.
No Norte, os picos
de enormes montanhas submersas
despontaram como falos e seios.
Findo o vulcanismo sideral,
o erotismo refreou-se.
De Leste a Oeste,
as pedras transmitiram
os sentidos das profundezas,
escondidos pelas camadas civilizatórias.
Mandala de memórias da Terra,
arcaicas e futuras



a percorrer e ser percorrida
pelo espaço infinito.
E se... as águas juntassem as terras.
Primeiro, África e Américas
se encontrassem no espaço.
Depois,
todas as nações se aproximassem
com consciência
de serem
uma única,
enorme pedra azul.
A Terra.
Denise Milan

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