ORGULHE-SE, VOCÊ ESTÁ “SENTINDO...”
“A(R)-REBENTO”
Rebento
Gilberto GilRebento,
substantivo abstrato
O ato, a criação e o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
Que só Deus sabe lá no firmamento
Rebento,
Tudo que nasce é rebento,
Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra
Rebento raro, como flor na pedra
Rebento farto, como trigo ao vento
Outras vezes, rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como a corrente de um cão furioso
Como as mãos de um lavrador ativo
Às vezes, mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativo,
Às vezes, só porque fico nervosa
Eu Rebento
Ou necessariamente só porque estou viva
Rebento
A reação imediata
A cada sensação de abatimento
Eu Rebento
O coração dizendo bata
A cada bofetão do sofrimento
Eu Rebento
Como um trovão dentro da mata
E a imensidão do som desse momento
substantivo abstrato
O ato, a criação e o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
Que só Deus sabe lá no firmamento
Rebento,
Tudo que nasce é rebento,
Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra
Rebento raro, como flor na pedra
Rebento farto, como trigo ao vento
Outras vezes, rebento simplesmente
No presente do indicativo
Como a corrente de um cão furioso
Como as mãos de um lavrador ativo
Às vezes, mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativo,
Às vezes, só porque fico nervosa
Eu Rebento
Ou necessariamente só porque estou viva
Rebento
A reação imediata
A cada sensação de abatimento
Eu Rebento
O coração dizendo bata
A cada bofetão do sofrimento
Eu Rebento
Como um trovão dentro da mata
E a imensidão do som desse momento
Arnaldo Antunes
Haverá paradeiro para o nosso desejo
Dentro ou fora de um vício
Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio perto do precipício
Dentro ou fora de um vício
Uns preferem dinheiro
Outros querem um passeio perto do precipício
Haverá paraíso
Sem perder o juízo e sem morrer
Haverá pára-raio
Para o nosso desmaio
Num momento preciso
Sem perder o juízo e sem morrer
Haverá pára-raio
Para o nosso desmaio
Num momento preciso
Uns vão de pára-quedas
Outros juntam moedas antes do prejuízo
Num momento propício
Haverá paradeiro para isso?
Outros juntam moedas antes do prejuízo
Num momento propício
Haverá paradeiro para isso?
Haverá paradeiro
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?
Haverá paraíso
Para o nosso desejo
Dentro ou fora de nós?
Haverá paraíso
O Corpo
Meu corpo tem cinqüenta braços
E ninguém vê porque só usa dois olhos
Meu corpo é um grande grito
E ninguém ouve porque não dá ouvidos
Meu corpo sabe que não é dele
Tudo aquilo que não pode tocar
Mas meu corpo quer ser igual àquele
Que por sua vez também já está cansado de não mudar
Meu corpo vai quebrar as formas
Se libertar dos muros da prisão
Meu corpo vai queimar as normas
E flutuar no espaço sem razão
E ninguém vê porque só usa dois olhos
Meu corpo é um grande grito
E ninguém ouve porque não dá ouvidos
Meu corpo sabe que não é dele
Tudo aquilo que não pode tocar
Mas meu corpo quer ser igual àquele
Que por sua vez também já está cansado de não mudar
Meu corpo vai quebrar as formas
Se libertar dos muros da prisão
Meu corpo vai queimar as normas
E flutuar no espaço sem razão
Meu corpo vive, e depois morre
E tudo isso é culpa de um coração
Mas meu corpo não pode mais ser assim
Do jeito que ficou após sua educação
E tudo isso é culpa de um coração
Mas meu corpo não pode mais ser assim
Do jeito que ficou após sua educação
Arnaldo Antunes
O corpo existe e pode ser pego.
É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer o cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.
É suficientemente opaco para que se possa vê-lo.
Se ficar olhando anos você pode ver crescer o cabelo.
O corpo existe porque foi feito.
Por isso tem um buraco no meio.
O corpo existe, dado que exala cheiro.
E em cada extremidade existe um dedo.
O corpo se cortado espirra um líquido vermelho.
O corpo tem alguém como recheio.
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