Graciliano
Ramos foi romancista,
cronista,
contista,
jornalista,
político
e memorialista
brasileiro
do século XX,
mais conhecido por seu livro Vidas Secas
(1938).; foi uma das mais expressivas figuras da literatura brasileira.
Ao escrever,
Graciliano se preocupava com a situação
de pobreza e buscava sempre valorizar a língua do povo brasileiro
Nascido em Quebrangulo, no estado de Alagoas, Graciliano Ramos de
Oliveira viveu em diversos lugares do Nordeste até fixar-se em Palmeira dos
Índios. Aos 35 anos, tornou-se prefeito da cidade, renunciando dois anos mais
tarde.
Acusado de ter participado do levante conhecido como Intentona Comunista
de 1935, Graciliano foi enviado ao Rio de Janeiro, onde esteve preso pelas
forças da ditadura de Getúlio Vargas. Nesse período lança "Angústia"
, considerado pelo autor um de seus melhores trabalhos.
Em 1938 publicou Vidas Secas. Em seguida estabeleceu-se no Rio de Janeiro, como inspetor federal de ensino. Em 1945 ingressou no antigo Partido Comunista do Brasil - PCB (que nos anos sessenta dividiu-se em Partido Comunista Brasileiro - PCB - e Partido Comunista do Brasil - PCdoB),[7] de orientação soviética e sob o comando de Luís Carlos Prestes;[1] nos anos seguintes, realizaria algumas viagens a países europeus com a segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, retratadas no livro Viagem (1954).[2] Ainda em 1945, publicou Infância, relato autobiográfico.
Adoeceu gravemente em 1952. No começo de 1953 foi internado, mas acabou falecendo em 20 de março de 1953, aos 60 anos, vítima de câncer do pulmão.[3]
O escritor era contra transformar a
literatura em instrumento de propaganda política. Tinha aversão ao romance
panfletário e à interferência partidária na atividade dos literatos. O romance
social da geração dos anos 1930 não atingiu as massas , disse na entrevista a
Newton Rodrigues. "Mesmo em seu melhor livro, Memórias do Cárcere, ele não
se coloca como ideólogo ou libertário, mas como autor de uma obra comprometida
com a condição humana", sustenta seu biógrafo.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer -O VELHO GRAÇA: UMA BIOGRAFIA DE GRACILIANO RAMOS, Dênis de Moraes
Algumas palavras de Graciliano Ramos, em Vidas Secas: “... A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro
falso; a palavra foi feita para dizer.”
Em Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos mostra as condições naturais e materiais desfavoráveis do nordestino, a miséria humana..
O livro é muito característico do neorealismo nordestino dos anos 30, A trama gira em torno de uma família que migra de tempos em tempos para fugir da seca, da “vida seca”, também uma cachorra, chamada “Baleia”, faz parte dessa família, sofrendo com ela, pelo mundo afora. O que , profundamente, Fabiano deseja é chegar ao encontro do seu ser
Em Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos mostra as condições naturais e materiais desfavoráveis do nordestino, a miséria humana..
O livro é muito característico do neorealismo nordestino dos anos 30, A trama gira em torno de uma família que migra de tempos em tempos para fugir da seca, da “vida seca”, também uma cachorra, chamada “Baleia”, faz parte dessa família, sofrendo com ela, pelo mundo afora. O que , profundamente, Fabiano deseja é chegar ao encontro do seu ser
A seca
parecia-lhe como um fato necessário (...) o vaqueiro precisava chegar, não
sabia onde (...) Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se,
notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar
só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas
dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos
ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios,
descobria-se encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em
torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase
imprudente. Corrigiu-a, murmurando: - você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim
senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha
- e ali estava forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha. - Um bicho,
Fabiano. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os
braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco. (...) Deu estalos com os
dedos, a cachorra Baleia, aos saltos, veio lamber-lhe as mãos grossas e
cabeludas. Fabiano recebeu a carícia, enterneceu-se: - Você é um bicho Baleia. (...)
Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais. Montado, confundia-se com o
cavalo, grudava-se a ele. (Vidas Secas, Graciliano Ramos) .
E ...MAIS EM SUAS CÉLEBRES OBRAS, LEMOS GRACILIANO...
Queria
endurecer o coração, eliminar o passado, fazer com ele o que faço quando emendo
um período — riscar, engrossar os riscos e transformá-los em borrões, suprimir
todas as letras,não deixar vestígio de idéias obliteradas.
Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém
viver sem paixões
Escolher marido por dinheiro. Que miséria! Não há pior espécie de
prostituição.
É o processo que adoto: extraio dos acontecimentos algumas parcelas; o
resto é bagaço
Mas é bom um cidadão pensar que tem influência no governo, embora não
tenha nenhuma. Lá na fazenda o trabalhador mais desgraçado está convencido de
que, se deixar a peroba, o serviço emperra. Eu cultivo a ilusão
Graciliano Ramos
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