ÁFRICA – BRASIL: UM ELO DE HERANÇA ANCESTRAL...MAMA ÁFRICA
PROPOSTA AFRO-PEDAGÓGICA 2010;
ÁFRICA: UM CONTINENTE DE CORAGEM
UMA BOA ÁRVORE É AQUELA QUE SE LEMBRA DA SEMENTE QUE A GEROU”
PROVÉRBIO AFRICANO
2010: introdução de História e Cultura Africana e Afro-brasileira no currículo escolar
ÁFRICA: UM CONTINENTE DE CORAGEM
UMA BOA ÁRVORE É AQUELA QUE SE LEMBRA DA SEMENTE QUE A GEROU”
PROVÉRBIO AFRICANO
2010: introdução de História e Cultura Africana e Afro-brasileira no currículo escolar
Escopo do “ PROJETO ÁFRICA”
ESTE PROJETO, INTERTÍTULO DO PPP DE NOSSA Unidade Escolar_ Educaçâo pela Ad_miraçâo: uma Escola em- de- Todos os Sentidos _ TRAZ COMO PROPOSTA NUCLEAR O ESTUDO DA HISTÓRIA DA ÁFRICA E DAS CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS, FUNDAMENTADO E BALIZADO PELA LEI FEDERAL 10.639/2003; com efeito, o Projeto torna-se fundamental para a consolidação de um espaço instituinte de dês-construção de “informação-conhecimento” sobre a África sob uma trama de inter-conexões, relações; efetiva-ação do ensino-aprendizagem da história da África, promovendo a transversalidade do tema –base e temas afins emergentes do contexto e/ou circunstância na consecução do Projeto por “Co-respondências históricas -----áfrica –mundo”;relevância para (re)pensarmos tanto as práticas escolares quanto as teorizações educacionais a elas relacionadas, temas recorrentes...
Deleuze e Guattari afirmam que:
A geografia não se contenta em fornecer uma matéria e lugares variáveis para a forma histórica. Ela não é somente humana e física, mas mental, como a paisagem. Ela arranca a história do culto da necessidade, para fazer valer a irredutibilidade da contingência. Ela aarranca do culto das origens, para afirmar a potência de um ‘meio’ (o que a filosofia encontra entre os gregos, dizia Nietzsche, não é uma origem, mas um meio, um ambiente, uma atmosfera ambiente: o filósofo deixa de ser cometa...). Ela a arranca das estruturas, para traçar as linhas de fuga que passam pelo mundo grego, através do Mediterrâneo. Enfim,ela arranca a história de si mesma para descobrir os devires, que não são a história mesmo quando nela recaem (...)
MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS: ENTRE A EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS E O TRABALHO; RELAÇÃO TRABALHO-EDUCAÇÃO-MUNDO,- dimensões ética, estética, cognitiva, afetiva, espiritual (anímica) e ecológica, consoante a exploração de temas emergentes, interfaces com o currículo acadêmico e com o currículo oculto, esse compreendendo o conhecimento tácito- vivência –experiência; sendo , então, assim: Compreender a importância do espaço midiático no modo pelo qual percebemos o mundo, o tema do negro no Brasil,o real e a ficção, o real e o virtualSituação de dês-conforto: a transitoriedade, a efemeridade, a “liquidez” do binômio tempo-espaço “apressando” o mundo. Presente-imperativo, século XXI, o sujeito pós-moderno : aceleração na noção de tempo e a diminuição da noção de espaço. O tempo é imediato. O espaço é reduzido pelo encurtamento de distâncias, “Globalização”; super-ego pós-moderno, “tudo vale” e “tudo deve porque pode”, no social, a anomia , extremado individualismo, ânsia de “espetáculo”; a ânsia de prazer ; “Tudo se tornou demdemasiadamente próximo, promíscuo, sem limites; competitividade exacerbada , ascender , vencer ; extremado individualismo; solidão,"virtualização, simulacros"
A idéia-força de nosso “Projeto África” é dês- construir, sobremaneira, a noção de cidadania local e global; local e planetária; nacional e transnacional, pessoal (e /é intrapessoal) e interpessoal; autoestima e altruísmo, estima pelo outro , “Hospitalidade , o “Estrangeiro””
“SE QUERES SER UNIVERSAL, CANTA TUA ALDEIA’, dizia Liev Tolstói (célebre escritor russo-09/09/ 1828 – 20/11/ 1910)
Um repertório de informações provocador e instaurador da inter-tras-in-disciplinaridade, re-unindo as áreas de conhecimentos ; assim, por exemplo: Aprofundar o conhecimento em conceitos como história, economia, sociedade e cultura africana
A geografia não se contenta em fornecer uma matéria e lugares variáveis para a forma histórica. Ela não é somente humana e física, mas mental, como a paisagem. Ela arranca a história do culto da necessidade, para fazer valer a irredutibilidade da contingência. Ela aarranca do culto das origens, para afirmar a potência de um ‘meio’ (o que a filosofia encontra entre os gregos, dizia Nietzsche, não é uma origem, mas um meio, um ambiente, uma atmosfera ambiente: o filósofo deixa de ser cometa...). Ela a arranca das estruturas, para traçar as linhas de fuga que passam pelo mundo grego, através do Mediterrâneo. Enfim,ela arranca a história de si mesma para descobrir os devires, que não são a história mesmo quando nela recaem (...)
MEDIAÇÕES PEDAGÓGICAS: ENTRE A EDUCAÇÃO DE PESSOAS JOVENS E ADULTAS E O TRABALHO; RELAÇÃO TRABALHO-EDUCAÇÃO-MUNDO,- dimensões ética, estética, cognitiva, afetiva, espiritual (anímica) e ecológica, consoante a exploração de temas emergentes, interfaces com o currículo acadêmico e com o currículo oculto, esse compreendendo o conhecimento tácito- vivência –experiência; sendo , então, assim: Compreender a importância do espaço midiático no modo pelo qual percebemos o mundo, o tema do negro no Brasil,o real e a ficção, o real e o virtualSituação de dês-conforto: a transitoriedade, a efemeridade, a “liquidez” do binômio tempo-espaço “apressando” o mundo. Presente-imperativo, século XXI, o sujeito pós-moderno : aceleração na noção de tempo e a diminuição da noção de espaço. O tempo é imediato. O espaço é reduzido pelo encurtamento de distâncias, “Globalização”; super-ego pós-moderno, “tudo vale” e “tudo deve porque pode”, no social, a anomia , extremado individualismo, ânsia de “espetáculo”; a ânsia de prazer ; “Tudo se tornou demdemasiadamente próximo, promíscuo, sem limites; competitividade exacerbada , ascender , vencer ; extremado individualismo; solidão,"virtualização, simulacros"
A idéia-força de nosso “Projeto África” é dês- construir, sobremaneira, a noção de cidadania local e global; local e planetária; nacional e transnacional, pessoal (e /é intrapessoal) e interpessoal; autoestima e altruísmo, estima pelo outro , “Hospitalidade , o “Estrangeiro””
“SE QUERES SER UNIVERSAL, CANTA TUA ALDEIA’, dizia Liev Tolstói (célebre escritor russo-09/09/ 1828 – 20/11/ 1910)
Um repertório de informações provocador e instaurador da inter-tras-in-disciplinaridade, re-unindo as áreas de conhecimentos ; assim, por exemplo: Aprofundar o conhecimento em conceitos como história, economia, sociedade e cultura africana
Chave-mestra da Metodologia: o grupo será o dispositivo privilegiado na/para consecução do projeto, entendendo-se a proeminência do trabalho em equipe; porquanto as ações serão referendadas pela constituição do(s) grupo(s), por suas representações individuais e coletivas descontextualizada do processo ensino aprendizagem
Avaliação: contextualizada ao processo ensino aprendizagem, ao processo de realização do projeto; diagnóstico/prognóstico; continuidade da ação educativo/formativa;
Avaliação formativa processo de interação contínua, interativo, dialógico
VOCÊ, BRASIL, É PARECIDO COM A MINHA TERRA
BALTASAR LOPES
A CARTA DE IDENTIDADE DE UMA NAÇÃO, ANTES DE MAIS, SUA CULTURA...
O continente africano reúne em sua extensão territorial diferenças lingüísticas, culturais, geográficas, econômicas e religiosas. Tal diversidade intensificou-se na medida em que seus habitantes entraram em contato com a cultura imposta pela Europa. No entanto, existe um aspecto comum que perpassa grande parte da trajetória desses países: a violência da colonização...Mesmo antes da chegada dos traficantes de escravos europeus, os árabes já praticavam o comércio negreiro, transportando escravos para a Arábia e para os mercados do Mediterrâneo oriental, para satisfazer as exigências dos sultões e dos xeques. As guerras tribais africanas, por sua vez, favoreciam esse tipo de comércio, visto que a tribo derrotada era vendida aos mercadores...A África vem a ser o resultado de anos de ocupação e influência das mais diversas culturas do mundo que remodelaram e transformaram seu continente num espaço diversificado e muitas vezes carente de recursos econômicos...
MANUEL VEIGA
A LITERATURA AFRICANA, EM INTERLOCUÇÕES COM A LITERATURA BRASILEIRA
ÁFRICA E BRASIL, LETRAS EM LAÇOS
Avaliação formativa processo de interação contínua, interativo, dialógico
VOCÊ, BRASIL, É PARECIDO COM A MINHA TERRA
BALTASAR LOPES
A CARTA DE IDENTIDADE DE UMA NAÇÃO, ANTES DE MAIS, SUA CULTURA...
O continente africano reúne em sua extensão territorial diferenças lingüísticas, culturais, geográficas, econômicas e religiosas. Tal diversidade intensificou-se na medida em que seus habitantes entraram em contato com a cultura imposta pela Europa. No entanto, existe um aspecto comum que perpassa grande parte da trajetória desses países: a violência da colonização...Mesmo antes da chegada dos traficantes de escravos europeus, os árabes já praticavam o comércio negreiro, transportando escravos para a Arábia e para os mercados do Mediterrâneo oriental, para satisfazer as exigências dos sultões e dos xeques. As guerras tribais africanas, por sua vez, favoreciam esse tipo de comércio, visto que a tribo derrotada era vendida aos mercadores...A África vem a ser o resultado de anos de ocupação e influência das mais diversas culturas do mundo que remodelaram e transformaram seu continente num espaço diversificado e muitas vezes carente de recursos econômicos...
MANUEL VEIGA
A LITERATURA AFRICANA, EM INTERLOCUÇÕES COM A LITERATURA BRASILEIRA
ÁFRICA E BRASIL, LETRAS EM LAÇOS
Não há boca Que não chova a sua gota de corpo & alma
Nem gota
De água doce Que não seja
Um espaço para amar & habitar
CORSINO FORTES, CORSINO FORTES E JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Nem gota
De água doce Que não seja
Um espaço para amar & habitar
CORSINO FORTES, CORSINO FORTES E JOÃO CABRAL DE MELO NETO
Pão & Fonema (1987), obra de maior notoriedade da bibliografia ‘fortiana’
( Corsino Fortes), integra o quadro da epopéia moderna da literatura africana; nas páginas iniciais do livro Pão e Forma, encontra-se uma preposição ( função de apresentar o tema central do poema ) a epopéia no século XX :
Ano a ano
crânio a crânio
Rostos contornam
o olho da ilha
com poços de pedra
abertos
no olho da cabra
E membros de terra
Explodem
Na boca das ruas
Estátuas de pão só
Estátuas de pão sol
Ano a ano
crânio a crânio
tambores rompem
a promessa da terra
Com pedras
Devolvendo às bocas
As suas veias
De muitos remos
(FORTES, 1980, p.3)
( Corsino Fortes), integra o quadro da epopéia moderna da literatura africana; nas páginas iniciais do livro Pão e Forma, encontra-se uma preposição ( função de apresentar o tema central do poema ) a epopéia no século XX :
Ano a ano
crânio a crânio
Rostos contornam
o olho da ilha
com poços de pedra
abertos
no olho da cabra
E membros de terra
Explodem
Na boca das ruas
Estátuas de pão só
Estátuas de pão sol
Ano a ano
crânio a crânio
tambores rompem
a promessa da terra
Com pedras
Devolvendo às bocas
As suas veias
De muitos remos
(FORTES, 1980, p.3)
O segundo canto, intitulado “Mar & Matrimónio ...as condições presentes obrigam partir, entretanto, o futuro possibilitará o regresso:
E com membros loucos de marulho
Dobrei as calças
Sobre o alto mar
E parti
De coração a bombordo
Mas antes muito antes
De hipotecar
Meu litro de sangue
E partir
Plantei o polegar
Junto da tua árvore
oh ídolo de pouco terra
(FORTES, 1980, p.26)
E com membros loucos de marulho
Dobrei as calças
Sobre o alto mar
E parti
De coração a bombordo
Mas antes muito antes
De hipotecar
Meu litro de sangue
E partir
Plantei o polegar
Junto da tua árvore
oh ídolo de pouco terra
(FORTES, 1980, p.26)
No terceiro canto, cujo titulo é “Pão & Património”, o leitor está preste a ingressar no
“Paraíso”:
Do nó de ser ao ónus de crescer
Do dia ao diálogo
Da promoção à substância
Romperam-se
As artérias
Em teu patrimônio
Agora povo agora pulso
Agora pão agora poema
Ilha
Ihéu ilhota
Noite
Noite alta
E o batuque não pára
Em nossas ancas
AGORA, POVO, AGORA
(FORTES, 1980, p.45)
“Paraíso”:
Do nó de ser ao ónus de crescer
Do dia ao diálogo
Da promoção à substância
Romperam-se
As artérias
Em teu patrimônio
Agora povo agora pulso
Agora pão agora poema
Ilha
Ihéu ilhota
Noite
Noite alta
E o batuque não pára
Em nossas ancas
AGORA, POVO, AGORA
(FORTES, 1980, p.45)
VOCÊ: BRASIL
Eu gosto de você, Brasil,
porque você é parecido com a minha terra.
Eu bem sei que você é um mundão
e que a minha terra são
dez ilhas perdidas no Atlântico,
sem nenhuma importância no mapa.
Eu já ouvi falar de suas cidades:
A maravilha do Rio de Janeiro,
São Paulo dinâmico, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos.
Ao passo que as daqui
Não passam de três pequenas cidades.
Eu sei tudo isso perfeitamente bem,
mas Você é parecido com a minha terra.
E o seu povo que se parece com o meu,
que todos eles vieram de escravos
com o cruzamento depois de lusitanos e estrangeiros.
E o seu falar português que se parece com o nosso falar,
ambos cheiros de um sotaque vagaroso,
de sílabas pisadas na ponta da língua,
de alongamentos timbrados nos lábios
e de expressões terníssimas e desconcertantes.
É a alma da nossa gente humilde que reflete
A alma das sua gente simples,
Ambas cristãs e supersticiosas,
sortindo ainda saudades antigas
dos sertões africanos,
compreendendo uma poesia natural,
que ninguém lhes disse,
e sabendo uma filosofia sem erudição,
que ninguém lhes ensinou.
E gosto dos seus sambas, Brasil, das suas batucadas.
dos seus cateretês, das suas todas de negros,
caiu também no gosto da gente de cá,
que os canta dança e sente,
com o mesmo entusiasmo
e com o mesmo desalinho também...
As nossas mornas, as nossas polcas, os nossos cantares,
fazem lembrar as suas músicas,
com igual simplicidade e igual emoção.
Você, Brasil, é parecido com a minha terra,
as secas do Ceará são as nossas estiagens,
com a mesma intensidade de dramas e renúncias.
Mas há no entanto uma diferença:
é que os seus retirantes
têm léguas sem conta para fugir dos flagelos,
ao passo que aqui nem chega a haver os que fogem
porque seria para se afogarem no mar...
Nós também temos a nossa cachaça,
O grog de cana que é bebida rija.
Temos também os nossos tocadores de violão
E sem eles não havia bailes de jeito.
Conhecem na perfeição todos os tons
e causam sucesso nas serenatas,
feitas de propósito para despertar as moças
que ficam na cama a dormir nas noites de lua cheia.
Temos também o nosso café da ilha do Fogo
que é pena ser pouco,
mas — você não fica zangado —
é melhor do que o seu.
Eu gosto, de Você, Brasil.
Você é parecido com a minha terra.
O que é é tudo e à grande
E tudo aqui é em ponto mais pequeno...
Eu desejava ir-lhe fazer uma visita
mas isso é coisa impossível.
Eu gostava de ver de perto as coisas
espantosas que todos me contam
de Você,
de assistir aos sambas nos morros,
de esta cidadezinha do interior
que Ribeiro Couto descobriu num dia de muita ternura,
de me deixar arrastar na Praça Onze
na terça-feira de Carnaval.
Eu gostava de ver de perto um lugar no Sertão,
d de apertar a cintura de uma cabocla — Você deixa? —
e rolar com ela um maxixe requebrado.
Eu gostava enfim de o conhecer de mais perto
e você veria como é que eu sou bom camarada.
Havia então de botar uma fala
ao poeta Manuel Bandeira
de fazer uma consulta ao Dr. Jorge de Lima
para ver como é que a poesia receitava
este meu fígado tropical bastante cansado.
Havia de falar como Você
Com um i no si
— “si faz favor —
de trocar sempre os pronomes para antes dos verbos
— “mi dá um cigarro!”.
Mas tudo isso são coisas impossíveis, — Você sabe?
Impossíveis”.
JORGE BARBOSA, JORGE BARBOSA E MANUEL BANDEIRA
Esqueci-me de falar de Guimarães Rosa, mas ele tinha, realmente, que surgir na resposta à pergunta anterior. Quando eu li pela primeira vez os contos dele (comecei pela "A Terceira Margem do Rio") foi uma fascinação; foi um momento importante na minha vida. Em relação à pergunta que estava a fazer, eu acho que não sei se existe isso de dentro e fora, essa fronteira que nós fazemos entre o acontecimento verdadeiro e o acontecimento inventado ou ficcionado. Eu acho que exactamente o segredo da inspiração é quando nós quebramos esta barreira. Quando aquilo que é a realidade (ou a verdade) passa a ser alguma coisa que é olhada como se fosse uma coisa inventada e visa-versa. Por exemplo, imagina alguma coisa que se passou concretamente: eu vi uma pessoa; eu vi um acidente; eu vi alguém chorando ou rindo. Quando isso me comove, me toca,imediatamente entro em estado de ficção, isto é, aquela pessoa, podendo ser real porque está ali e eu a vi, assisti, fui testemunha. Mas eu entro para o meu lado de escritor quando configuro aquela pessoa e aquele acontecimento numa ordem e num quadro ficcional. O segredo está exactamente nessa situação de delinear a fronteira enquanto olhamos o mundo, naquele momento que nem é dia nem é noite
MIA COUTO, MIA COUTO E GUIMARÃES ROSA
CAPOEIRA: A PUREZA E A LUDICIDADE DA “LUTA “ AFRO-BRASILEIRA
CAPOEIRA: LUTA, JOGO, BRINCADEIRA, FILOSOFIA, ARTE, FOLCLORE, ESPORTE...?!
Eu gosto de você, Brasil,
porque você é parecido com a minha terra.
Eu bem sei que você é um mundão
e que a minha terra são
dez ilhas perdidas no Atlântico,
sem nenhuma importância no mapa.
Eu já ouvi falar de suas cidades:
A maravilha do Rio de Janeiro,
São Paulo dinâmico, Pernambuco, Bahia de Todos-os-Santos.
Ao passo que as daqui
Não passam de três pequenas cidades.
Eu sei tudo isso perfeitamente bem,
mas Você é parecido com a minha terra.
E o seu povo que se parece com o meu,
que todos eles vieram de escravos
com o cruzamento depois de lusitanos e estrangeiros.
E o seu falar português que se parece com o nosso falar,
ambos cheiros de um sotaque vagaroso,
de sílabas pisadas na ponta da língua,
de alongamentos timbrados nos lábios
e de expressões terníssimas e desconcertantes.
É a alma da nossa gente humilde que reflete
A alma das sua gente simples,
Ambas cristãs e supersticiosas,
sortindo ainda saudades antigas
dos sertões africanos,
compreendendo uma poesia natural,
que ninguém lhes disse,
e sabendo uma filosofia sem erudição,
que ninguém lhes ensinou.
E gosto dos seus sambas, Brasil, das suas batucadas.
dos seus cateretês, das suas todas de negros,
caiu também no gosto da gente de cá,
que os canta dança e sente,
com o mesmo entusiasmo
e com o mesmo desalinho também...
As nossas mornas, as nossas polcas, os nossos cantares,
fazem lembrar as suas músicas,
com igual simplicidade e igual emoção.
Você, Brasil, é parecido com a minha terra,
as secas do Ceará são as nossas estiagens,
com a mesma intensidade de dramas e renúncias.
Mas há no entanto uma diferença:
é que os seus retirantes
têm léguas sem conta para fugir dos flagelos,
ao passo que aqui nem chega a haver os que fogem
porque seria para se afogarem no mar...
Nós também temos a nossa cachaça,
O grog de cana que é bebida rija.
Temos também os nossos tocadores de violão
E sem eles não havia bailes de jeito.
Conhecem na perfeição todos os tons
e causam sucesso nas serenatas,
feitas de propósito para despertar as moças
que ficam na cama a dormir nas noites de lua cheia.
Temos também o nosso café da ilha do Fogo
que é pena ser pouco,
mas — você não fica zangado —
é melhor do que o seu.
Eu gosto, de Você, Brasil.
Você é parecido com a minha terra.
O que é é tudo e à grande
E tudo aqui é em ponto mais pequeno...
Eu desejava ir-lhe fazer uma visita
mas isso é coisa impossível.
Eu gostava de ver de perto as coisas
espantosas que todos me contam
de Você,
de assistir aos sambas nos morros,
de esta cidadezinha do interior
que Ribeiro Couto descobriu num dia de muita ternura,
de me deixar arrastar na Praça Onze
na terça-feira de Carnaval.
Eu gostava de ver de perto um lugar no Sertão,
d de apertar a cintura de uma cabocla — Você deixa? —
e rolar com ela um maxixe requebrado.
Eu gostava enfim de o conhecer de mais perto
e você veria como é que eu sou bom camarada.
Havia então de botar uma fala
ao poeta Manuel Bandeira
de fazer uma consulta ao Dr. Jorge de Lima
para ver como é que a poesia receitava
este meu fígado tropical bastante cansado.
Havia de falar como Você
Com um i no si
— “si faz favor —
de trocar sempre os pronomes para antes dos verbos
— “mi dá um cigarro!”.
Mas tudo isso são coisas impossíveis, — Você sabe?
Impossíveis”.
JORGE BARBOSA, JORGE BARBOSA E MANUEL BANDEIRA
Esqueci-me de falar de Guimarães Rosa, mas ele tinha, realmente, que surgir na resposta à pergunta anterior. Quando eu li pela primeira vez os contos dele (comecei pela "A Terceira Margem do Rio") foi uma fascinação; foi um momento importante na minha vida. Em relação à pergunta que estava a fazer, eu acho que não sei se existe isso de dentro e fora, essa fronteira que nós fazemos entre o acontecimento verdadeiro e o acontecimento inventado ou ficcionado. Eu acho que exactamente o segredo da inspiração é quando nós quebramos esta barreira. Quando aquilo que é a realidade (ou a verdade) passa a ser alguma coisa que é olhada como se fosse uma coisa inventada e visa-versa. Por exemplo, imagina alguma coisa que se passou concretamente: eu vi uma pessoa; eu vi um acidente; eu vi alguém chorando ou rindo. Quando isso me comove, me toca,imediatamente entro em estado de ficção, isto é, aquela pessoa, podendo ser real porque está ali e eu a vi, assisti, fui testemunha. Mas eu entro para o meu lado de escritor quando configuro aquela pessoa e aquele acontecimento numa ordem e num quadro ficcional. O segredo está exactamente nessa situação de delinear a fronteira enquanto olhamos o mundo, naquele momento que nem é dia nem é noite
MIA COUTO, MIA COUTO E GUIMARÃES ROSA
CAPOEIRA: A PUREZA E A LUDICIDADE DA “LUTA “ AFRO-BRASILEIRA
CAPOEIRA: LUTA, JOGO, BRINCADEIRA, FILOSOFIA, ARTE, FOLCLORE, ESPORTE...?!
CAPOEIRA: A GRAMÁTICA DO CORPO E A DANÇA DAS PALAVRAS
Maria Jose Somerlate Barbosa
Maria Jose Somerlate Barbosa
CAPOEIRA: a consolidação dos estudos afro-brasileiros, a partir dos anos de 1930 dá novos rumos às interpretações acerca do jogo da capoeira. O paradigma da “raça” é substituido pelo da “cultura”.em nosso país, a “ ressemantização” dos símbolos nacionais, relêem-se a cultura popular e à mestiçagem; os estudos sobre o folclore começam a adquir uma grande visibilidade, culminando com o Movimento Folclórico Brasileiro, entre os anos 1940 e 1960 (Vilhena, 1997). Busca-se a “Essência” da Brasilidade, sob a ótica dicotômica, em que o Nordeste se torna símbolo de tradição, e o Sudeste de modernidade (Dantas, 1988).
Nesse cenário, a Bahia, se torna o locus da capoeira, considerada mais “pura” ( mais tradicional, mais angolana”), a capoeira é, então, integrada ao domínio do folclore.A capoeira deixa de ser vista como uma atividade de delinqüentes(‘vadiação”) e começa a ser descrita como um grande cerimonial, tal como o que ocorre com o candomblé.
Nesse cenário, a Bahia, se torna o locus da capoeira, considerada mais “pura” ( mais tradicional, mais angolana”), a capoeira é, então, integrada ao domínio do folclore.A capoeira deixa de ser vista como uma atividade de delinqüentes(‘vadiação”) e começa a ser descrita como um grande cerimonial, tal como o que ocorre com o candomblé.
A capoeira “é, mais do que uma arma de luta individual, uma brincadeira coletiva”, segundo Édison Carneiro (1950: 68)..Por volta do ano de 1942, enfatiza-se o aspecto esportivo dessa atividade que tem muitas outras leituras, conforme as relações capoeiristas e capoeiras...
LADAINHA: “A polifonia das vozes—representada pelas letras das cantigas, pelos sons dos instrumentos, pelo barulho dos corpos se locomovendo e pelas palmas dos observadores—6 uma das caracteristicas mais proeminentes da capoeira” (Maria Jose Somerlate Barbosa)
Dona Isabel que história é essa
LADAINHA: “A polifonia das vozes—representada pelas letras das cantigas, pelos sons dos instrumentos, pelo barulho dos corpos se locomovendo e pelas palmas dos observadores—6 uma das caracteristicas mais proeminentes da capoeira” (Maria Jose Somerlate Barbosa)
Dona Isabel que história é essa
Dona Isabel que hitória é essa
De ter feito a abolição
De ser princesa boazinha
Que libertou a escravidão
Eu to cansado de conversa
Eu to cansado de ilusão
Abolição se fez com sangue
Que inundava esse país
Que o negro transformou em luta
Cansado de ser infeliz
Abolição se fez bem antes
E ainda por se fazer agora
Com a verdade da favela
Não com a mentira da escola
Dona Isabel chegou a hora
De se acabar com essa maldade
De se ensinar pros nossos filhos
O quanto custa a liberdade
Viva Zumbi nosso rei negro
Que feise herói lá em Palmares
Viva a cultura desse povo
A liberdade verdadeira
Que já corria nos Quilombos
E já jogava capoeira
Ieee viva Zumbi,
Ieee viva Zumbi, camará
Ieee rei de Palmares,
Ieee rei de Palmares, camará
Ieee libertador,
Ieee libertador, camará
MAS… E, VOCÊ, QUAL É SEU PONTO DE REFERÊNCIA NA RODA DO JOGO E DO MUNDO?!
Fugimos prás grandes cidades, bichos do mato em busca do mito De uma nova sociedade, escravos de um novo rito Mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso?
(...)
A favela é a nova senzala,(...)
Revanche, Composição: Lobão e Bernardo Vilhena
“ALAFIA”… É A SOMA DE TUDO QUE UM SER HUMANO POSSA DESEJAR
NOTA IMPORTANTE
Lei 10.639/2003, obriga a inclusão no currículo oficial da Redende Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”, e Parecer 003/2004 do Conselho Nacional de Educação, ademais, a nova Lei 11645/2008, a qual modificou alguns aspectos da Lei 10639/2003
Ieee viva Zumbi,
Ieee viva Zumbi, camará
Ieee rei de Palmares,
Ieee rei de Palmares, camará
Ieee libertador,
Ieee libertador, camará
MAS… E, VOCÊ, QUAL É SEU PONTO DE REFERÊNCIA NA RODA DO JOGO E DO MUNDO?!
Fugimos prás grandes cidades, bichos do mato em busca do mito De uma nova sociedade, escravos de um novo rito Mas se tudo deu errado, quem é que vai pagar por isso?
(...)
A favela é a nova senzala,(...)
Revanche, Composição: Lobão e Bernardo Vilhena
“ALAFIA”… É A SOMA DE TUDO QUE UM SER HUMANO POSSA DESEJAR
NOTA IMPORTANTE
Lei 10.639/2003, obriga a inclusão no currículo oficial da Redende Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira”, e Parecer 003/2004 do Conselho Nacional de Educação, ademais, a nova Lei 11645/2008, a qual modificou alguns aspectos da Lei 10639/2003
LJD
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