domingo, 9 de maio de 2010

DIA DAS MÃES: MÃE NÃO TEM IDADE, NÃO TEM TAMANHO; MÃE TEM A IDADE E O TAMANHO DE QUE PRECISAMOS


POEMA À MÃE, EUGENIO DE ANDRADE

No mais fundo de ti

Eu sei que te traí, mãe.

Tudo porque já não sou

O menino adormecido

No fundo dos teus olhos

Tudo porque ignoras

Que há leitos onde o frio não se demora

E noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo

São duras, mãe,

E o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas

Que apertava junto ao coração

No retrato da moldura

.Se soubesses como ainda amo as rosas,

Talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa

Esqueceste que as minhas pernas cresceram

Que todo o meu corpo cresceu,

E até o meu coração

Ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -

Às vezes ainda sou o menino

Que adormeceu nos teus olhos;

Ainda aperto contra o coração

Rosas tão brancas

Como as que tens na moldura;

Ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa

No meio do laranjal...

Mas - tu sabes -

a noite é enorme,

E todo o meu corpo cresceu

Eu saí da moldura

Dei às aves os meus olhos a beber

Não me esqueci de nada, mãe

Guardo a tua voz dentro de mim.

E deixo as rosas.

Boa noite.

Eu vou com as aves.

MÃE, A MAIOR PALADINA DA JUSTIÇA QUE O MUNDO JÁ CONHECEU!
LJD

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