UMA PALAVRA POSTA FORA DO LUGAR ESTRAGA O PENSAMENTO MAIS BONITOESTÁ ABERTA A TEMPORADA DE CAÇA ÀS...?!
VOLTAIRE
NÃO VOCÊ QUASE ACERTOU SE RESPONDEU: “_ CAÇA À ONÇA (PINTADA) !”
ENTRETANTO, SUA RESPOSTA OMITIU PARTE VALIOSÍSSIMA , INAFIANSÁVEL, DA HISTÓRIA, POIS SE TRATA, AQUI, DA “ONÇA PINTADA DE PEDRINHO, O CAÇADOR QUE NÃO FEZ DA SUA CAÇA A SUA PRESA
• PARODIANDO, E ADVINHANDO-SE POSSÍVEL-, “O CASO PEDRINHO E SUAS CAÇADAS”
UM ADENDO: VALE, AQUI, TRANSCREVER UM PEQUENÍSSIMO, MAS EXPRESSIVO, RESUMO DA HISTÓRIA-TEMÁTICA DO LIVRO “CAÇADAS DE PEDRINHO”
Caçadas de Pedrinho:
Publicado inicialmente em 1933 pela Cia. Editora Nacional, este livro é o desenvolvimento de A Caçada da Onça, editado pela primeira vez em 1924 pela Editora Monteiro Lobato. Em sua versão definitiva, o livro constitui-se de duas histórias: na primeira, a captura de uma onça provoca a invasão do sítio por onças, jaguatiricas, iraras e cachorros do mato. Os personagens conseguem escapar graças a uma idéia da Emília: pernas-de-pau e granada de vespas.
A segunda história narra a chegada ao sítio do rinoceronte Quindim, fugido de um circo.
Narra também as tentativas de captura do animal, por parte de forças do governo, e não deixa dúvida quanto a visão crítica de Lobato em relação à (in)eficiência da burocracia estatal.
Adapt. De texto de Marisa Lajolo
(Apostila 14 de Pré-Modernismo - Literatura Brasileira)
FONTE: http://www.jayrus.art.br/LitBrasil_Simbol_Premoderno.htm
E, AINDA, HÁ DE SE CONSIDERAR:
Em Caçadas de Pedrinho, Monteiro Lobato (1882-1948) - um dos maiores autores de literatura infantil brasileira- na década de 30- mais precisamente, em 1933, lança Caçadas de Pedrinho, mesclan do a fantasia a benfazejas críticas à burocracia brasileira- “daquela época”-, imaginando,criando, a partir de uma situação extraordinária – uma obra prima,uma prévia do “Brasil-brasileiro”. Assim, em síntese, a fuga de um rinoceronte do circo e sua aparição no Sítio é o argumento que leva o narrador a edificar uma história cheia de lances irônicos e cenas beirando ao absurdo, narra o real, critica-o, introduzindo elementos de nossa cultura, faz “falar” o nosso folclore, sabia e persuasivamente, filosofando simples e profundamente, em conversas que se dão entre as suas personagens, como Pedrinho e o Saci, filosofando sobre o medo, a coragem, a morte, liderança, subjugo, os mistérios in-solúveis , as ciências, as religiões, todos os saberes, em “lições da escola e lições da vida”...
LJD
VALE, TAMBÉM, A IRONIA-CATÁRTICA:
EM DEFESA DA PALAVRA, CAÇADAS DE PEDRINHO É UMA “OBRA DE ARTE” !!!
- PARA SALVATORE D'ONOFRIO :
(...)Como o significante lingüístico é utilizado de um modo diferente, os significados ideológicos são interpretados sob uma feição toda particular. Ao dar nova vida às palavras, criar o efeito de estranhamento, o poeta obriga o destinatário da obra literária a pensar na essência da condição humana, a refletir nos problemas da verdade, da justiça, do amor, do tempo, da morte etc.
(...)Nem sempre os críticos de arte entraram em acordo na determinação das funções da literatura. As discussões acerca da finalidade da arte são bem antigas e remontam aos primeiros teorizadores da literatura ocidental. Enquanto Platão expulsava de sua República ideal os poetas, por considerar a arte mentirosa, inútil e nociva ao bem-estar social, Aristóteles enaltecia as funções da poesia, atribuindo-lhe uma finalidade catártica. Estão aqui, frente a frente, duas concepções antitéticas. da arte: a de um "estadista", preocupado com o conservadorismo ético-social ameaçado pelo desmascaramento dos valores correntes, que a verdade artística produz no seio da coletividade, e a de um "esteta", que reconhece a arte como sendo bela, útil e indispensável ao convívio humano. Num outro diálogo, As leis, Platão tenta atenuar seu conceito negativista da função artística, reconhecendo a utilidade da arte desde que sua atividade seja programada pelo Estado e orientada para uma finalidade cívica. Mas, na medida em que o filósofo nega a autonomia da arte, destrói-lhe a própria essência, fundamentada na independência em relação ao código lingüístico e ideológico. Com efeito, a arte, sendo livre expressão da faculdade imaginativa e criativa do homem, não pode estar subordinada a injuções de ordem filosófica, científica, religiosa, moral ou patriótica
- PARA CECÌLIA MEIRELES
- PARA GREIMAS :
Conselho de Educação quer nova edição de obra com trechos racistas
O Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão colegiado independente ligado ao Ministério da Educação (MEC), publicou nesta semana no Diário Oficial da União a súmula de um parecer a respeito do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e sobre obras em geral que contenham trechos considerados racistas e que são distribuídas em escolas públicas.
O parecer aponta assuntos tratados com preconceito no livro, como os negros e as religiões africanas, quando se refere à "personagem feminina e negra Tia Anastácia e as referências aos personagens animais tais como urubu, macaco e feras africanas". Em um trecho do livro, por exemplo, a personagem Emília (do Sítio do Pica-Pau Amarelo) diz: "É guerra, e guerra das boas. Não vai escapar ninguém - nem Tia Nastácia, que tem carne negra".
A obra de Monteiro Lobato faz parte do acervo do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) e é distribuída em escolas públicas de todo o país.
O parecer afirma que o programa segue critérios estabelecidos pela Coordenação-Geral de Material Didático do MEC para a seleção de títulos, e um dos critérios é primar pela "ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações". Sendo assim, o texto sugere que livros com teor semelhante não sejam selecionados no PNBE ou, caso sejam, a Coordenação-Geral de Material Didático e a Secretaria de Educação Básica do MEC deverão exigir da editora a inserção de uma "nota explicativa" com esclarecimentos ao leitor sobre a presença de estereótipos raciais na literatura.
"Esta providência deverá ser solicitada em relação ao livro Caçadas de Pedrinho e deverá ser extensiva a todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante". diz o documento, aprovado por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE.
Outro trecho do parecer afirma que o governo deve implementar política pública que busque "formar professores que sejam capazes de lidar pedagogicamente e criticamente" com "obras consideradas clássicas presentes na biblioteca das escolas que apresentem estereótipos raciais".
O G1 entrou em contato com a conselheira Nilma Lino Gomes, relatora do parecer. Por e-mail, ela confirmou que o intuito não é proibir obras como "Caçadas de Pedrinho" das escolas. "O parecer segue as recomendações e critérios do próprio MEC para análise da obras literárias a serem adotadas no PNBE", disse.
Nilma destacou o critério de primar pela ausência de preconceitos, estereótipos ou doutrinações, o que pode impedir que outras obras clássicas que tenham teor racista entrem em programas como o Biblioteca na Escola. "Recomenda-se que este princípio seja realmente seguido para análise de todas as obras do PNBE, quer sejam elas clássicas ou contemporâneas."
Ela também criticou matéria da Folha de S.Paulo desta sexta-feira (29) sobre o assunto, publicada com o título "Conselho quer vetar livro de Monteiro Lobato em escolas". "A Folha, mais uma vez, usou de má fé com a temática racial ao colocar a manchete sensacionalista", afirmou.
O texto do parecer ainda não foi homologado pelo Ministério da Educação. Ele segue agora para as mãos do ministro da Educação, Fernando Haddad, que irá analisá-lo e, se necessário, consultar secretarias do MEC e especialistas para colocar ou não em prática as ações indicadas no parecer. Segundo a assessoria do ministério, não há prazo para a decisão.
Sexta-feira, 29 de outubro de 2010, no Dia Nacional do Livro...
Foi manchete na Folha de São Paulo:” Conselho de Educação quer vetar livro de Monteiro Lobato em escolas” (29/10/2010 - 09h32)
“Conselho de Educação quer vetar livro de Monteiro Lobato em escolas
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ANGELA PINHO JOHANNA NUBLAT DE BRASÍLIA”
- Em entrevista à Folha de São Paulo, Antonio Gomes da Costa Neto, o mestrando da UnB que corroborou para “sentenciar” Monteiro Lobato, declara que não quer censurar o autor. Mas, sim, segundo ele, “proteger” Os professores “sem a devida competência”: “os professores, no dia a dia, não tem o preparo teórico para trabalhar com esse tipo de livro. Então, não é que ele deva ser proibido. O que não é recomendado é a sua utilização dentro de escola pública ou privada.“
PIOR A EMENDA QUE O SONETO! “POR QUE NÃO TE CALAS”, ANTONIO GOMES, Ó MESTRANDO DA UNB?!
VOCÊ , AMIGO LEITOR, “ME DÁ A SUA PALAVRA”, “PALAVRA VALE OURO” , JUNTOS, EU E VOCÊ E NOSSAS PALAVRAS BEM-DITAS, SOMOS MAIS FORTES, EM DEFESA DA PALAVRA, DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO, EM DEFESA DA VIDA, RESPONSÁVEL-ÉTICA, ESTÉTICA-LIBERDADE
LJD
E , ORA, LEIA UM TRECHINHO DO LIVRO “PROIBIDÃO”, CAÇADAS DE PEDRINHO, EM QUE PEDRINHO E O SACI “FILOSOFAM COISAS VÃS (?!)”
DESCONFIO QUE ESTOU SONHANDO...DESCONFIO QUE ISTO É UM PESADELO...NOS PESADELOS É QUE APARECEM MONSTROS HORRÍVEIS. POR QUÊ? POR QUE É QUE HÁ COISAS HORRÍVEIS?
-POR CAUSA DO MEDO, PEDRINHO. SABE O QUE É MEDO?
- SEI , SIM. O MEDO VEM DA INCERTEZA.
- ISSO MESMO- DISSE O SACI- A MÃE DO MEDO É A INCERTEZA E O PAI DO MEDO É O ESCURO. ENQUANTO HOUVER ESCURO NO MUNDO, HAVERÁ MEDO. E ENQUANTO HOUVER MEDO, HAVERÁ MONSTROS COMO OS QUE VOCÊ VAI VER.
— MAS SE A GENTE VÊ ESSES MONSTROS, ENTÃO ELES EXISTEM.
— PERFEITAMENTE. EXISTEM PARA QUEM OS VÊ E NÃO EXISTEM PARA QUEM NÃO OS VÊ. POR ISSO DIGO QUE OS MONSTROS EXISTEM E NÃO EXISTEM. UMA COISA EXISTE QUANDO A GENTE ACREDITA NELA; E COMO UNS ACREDITAM EM MONSTROS E OUTROS NÃO ACREDITAM, OS MONSTROS EXISTEM E NÃO EXISTEM
- NÃO ENTENDO- DECLAROU PEDRINHO.- SE EXISTEM, EXISTEM. SE NÃO EXISTEM, NÃO EXISTEM. UMA COISA NÃO PODE AO MESMO TEMPO EXISTIR E NÃO EXISTIR
-BOBINHO!- DECLAROU O SACI.- UMA COISA EXISTE QUANDO A GENTE ACREDITA NELA; E COMO UNS ACREDITAM EM MONSTROS E OUTROS NÃO ACREDITAM, OS MONSTROS EXISTEM E NÃO EXISTEM
CAÇADAS DE PEDRINHO, MONTEIRO LOBATO, 1965
- PROSSEGUIMOS, EM DEFESA DA PALAVRA, DA LIVRE EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO
EM QUALQUER MOMENTO, O HOMEM É UM PENSAMENTO, E COMO O PENSAMENTO É UMA ESPÉCIE DE SÍMBOLO, A RESPOSTA GERAL À QUESTÃO: QUE É O HOMEM? - É QUE ELE É UM SÍMBOLO.
CHARLES SANDERS PEIRCE
LEDO IVO
Era uma vez a noite e um menino
Pela primeira vez em sua vida, o menino estava contemplando a noite, que era uma descoberta e uma travessia. Então, ele disse, como se estivesse cumprimentando uma pessoa:
__ Boa noite,noite.
Ele estava saudando a escuridão cheia de luzes __ ou luzes cercadas pelas ilhas de escuridão. Ele estava cumprimentando o avião que passava pelo céu como uma constelação que vivesse voando, e ainda as janelas iluminadas das casas dos homens, e os anúncios que se acendiam e se apagavam no alto dos arranha céus.
A tudo o menino dizia boa noite, porque a tudo ele desejava saudar.
Ele sentia que a vida é uma amizade, e queria cercar-se de amigos, mesmo que estes fossem uma estátua na praça, um banco de jardim, uma palavra escrita no muro .
Foi então que, embora a escuridão o cercasse, ele viu.
A PALAVRA ESCRITA NO MURO
Era quase um garrancho, mas o menino leu, letra por letra. E disse:
__ Boa noite.
A palavra respondeu:
__ Boa noite.
Diante da delicadeza da resposta, o menino perguntou:
— Quem é você?
E ela, rindo com todas as letras do seu corpo, respondeu:
__ Sou uma palavra.
O menino pensou que ela estivesse presa, já que não podia sair do lugar, e lhe perguntou:
__ mas quem pôs você aí de castigo no muro?
A palavra retrucou:
__ Eu não estou de castigo. Estou livre. Todas as palavras que você vê nos muros da cidade são livres. Nenhuma delas está em cativeiro.
__ Mas você está presa.
A palavra voltou a desmentir:
__ Eu não estou presa. Num muro, uma palavra é livre como um pássaro. Menino, vou lhe dizer uma coisa para você guardar a vida inteira. Nenhuma palavra vive em cativeiro.
O menino se lembrou, então, de que em sua casa havia um grande dicionário que tinha nome de gente. E ponderou:
__ Mas, num dicionário, as palavras estão presas.
A palavra (seria uma senhora ou uma senhorita? ) riu, exibindo os seus belos e brancos dentes, feitos de sílabas e explicou:
__ Mesmo num dicionário, as palavras são livres. Um dicionário não é uma prisão. È uma praça onde a gente se reúne.
__ Para quê? __ Interrogou o menino.
__ Para servir aos homens. Todos nós temos uma serventia. Estamos a serviço da vida, do amor. Uma palavra é como o sol. Esquenta as pessoas. Quem sabe palavras não sentem frio.
_ Mas quem foi que pôs você aí no muro? __quis saber o menino.
__ Foi um homem. Foi a mão de um homem .
[…]
__ Então, como foi que você nasceu?
__ Eu não nasci. Eu estava voando. Então pousei na mão de um homem como se fosse um passarinho. Elenão precisou de gaiola para me agarrar. Era um homem que tinha vindo de um comício, o povo tinha gritado muito. Ele estava precisando de uma palavra para dizer o que queria, tudo aquilo que estava dentro do seu coração e não podia manifestar-se porque eu ainda não tinha aparecido.Então eu pousei na mão dele.
[…]
__ E como é seu nome, palavra-passarinho? __ quis saber o menino:
__ MEU NOME É LIBERDADE, MENINO.
— A senhora tem um nome muito bonito.
__ Não me chame de senhora. Me chame de você. Eu sou você.
O menino queria ver uma coisa dentro da noite. Despediu-se :
__ Adeus , dona Liberdade. Prazer em conhecê-la.
__ Adeus, menino. Não se esqueça de mim. Seja meu amigo a vida inteira e não se arrependerá.
E “QUE TIPO DE LIVRO” SERÁ, POR EXEMPLO, “AS MIL E UMA NOITES” NA AVALIAÇÃO, NO “JULGAMENTO, DO CONSELHO DE EDUCAÇÃO”?!
Escova.Eu tinha vontade de fazer como os dois homens que vi
sentados na terra escovando osso. no começo achei que aqueles
homens não batiam bem. porque ficavam sentados na terra o dia
inteiro escovando osso.depois aprendi que aqueles homens eram
arqueólogos. e que eles faziam o serviço de escovar osso por amor. e
que eles queriam encontrar nos ossos vestígios de antigas
civilizações que estariam enterrados por séculos naquele chão. logo
pensei de escovar palavras. porque eu havia lido em algum lugar que
as palavras eram conchas de clamores antigos. eu queria ir atrás dos
clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras. eu já
sabia também que as palavras possuem no corpo muitas oralidades
remontadas e muitas significâncias remontadas. eu queria então
escovar as palavras para escutar o primeiro esgar de cada uma. para
escutar os primeiros sons, mesmo que ainda bígrafos. começei a
fazer isso sentado em minha escrivaninha. passava horas inteiras,
dias inteiros fechado no quarto, trancado a escovar palavras. logo a
turma perguntou: o que eu fazia o dia inteiro trancado naquele
quarto? eu respondi a eles, meio entresonhado, que eu estava
escovando palavras. eles acharam que eu não batia bem. então eu
oguei a escova fora.
Manoel de Barros
*Título que demos ao texto de Manuel de Barros, focando sintética , e com inteligibilidade poético-narrativa , assinalando, advertindo “sem horrores”, o efeito perverso, nocivo, da pseudo-avaliação, “deseducativa”, coercitiva, censora, porque há aqueles que...
SÓ SABEM DO PERIGO DA CANÇÃO, NÃO DE SUA BELEZA
HORKHEIMER E ADORNO
LJD