GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DIRETORIA REGIONAL
METROPOLITANA III
COLÉGIO ESTADUAL JOSE MARTI – U.E. 33069948
- U.A. 181731
DO
COLÉGIO ESTADUAL JOSE MARTI
REUNIÃO PEDAGÓGICA 7 de dezembro
de 2012
© Texto
dinamizador, sinérgico: Primavera num
espelho partido , de Mario Benedetti
Ao sair finalmente da prisão, depois de tantos anos, Santiago, num misto
de euforia e dúvidas sobre o que haverá de encontrar “lá fora”, faz uma
verdadeira ode à primavera. Ele, que havia sido preso em plena primavera, num
estranho redesenhar dos traços cíclicos do destino, será posto em liberdade
naquela mesma estação do ano:
(…)Depois desses cinco
anos de inverno ninguém vai me roubar a primavera…
A primavera é como um
espelho mas o meu está com a ponta quebrada/era inevitável não ia sair
inteirinho desse bem nutrido qüinqüênio/mas apesar da ponta quebrada o espelho
serve a primavera serve…
Personagem em uma das suas reflexões sobre o exílio, a
ditadura no Uruguai e o seu jovem
filho preso político.
(...)Liberdade
quer dizer muitas coisas. Por exemplo, se você não está presa se diz que está
em liberdade. Mas meu pai está preso e no entanto está em Liberdade, pois é
assim que se chama a prisão onde está há muitos anos… Meu pai é um preso, mas
não porque tenha matado ou roubado ou chegado tarde à escola. Graciela diz que
meu pai está em Liberdade, ou seja, preso, por suas idéias. Parece que meu pai
era famoso por suas idéias. Eu também tenho idéias, às vezes, mas ainda não sou
famosa. Por isso não estou em Liberdade, ou seja, não estou presa… De forma que
liberdade é uma palavra enorme. Graciela diz que ser um preso político como meu
pai não é nenhuma vergonha. Que é quase um orgulho. Por que quase? É orgulho ou
é vergonha? Gostaria que eu dissesse que é quase vergonha? Estou orgulhosa, não
quase orgulhosa, de meu pai, porque teve muitíssimas idéias, tantas e tantas
que foi preso por causa delas. Acho que agora meu pai vai continuar tendo
idéias, idéias espetaculares, mas é quase certo que não fale sobre elas com
ninguém, porque se falar, quando sair da Liberdade para viver em liberdade,
podem fechá-lo outra vez na Liberdade.
Primavera num
espelho partido, 1982, livro de
Mario Benedettique, situa-se entre os poemas de Vento do exílio (1981) e os ensaios de O desexílio e outras conjeturas
(1984). “O exílio
(interior, exterior) será uma palavra-chave desta década”, sob a polifônica
liberdade
Assim dito, o que nos fica, como
legado da obra de Mario Benedetti, é, sobremaneira, a possibilidade de
reinventar a vida, apesar de todas as “prisões”, todos os exílios. Em meio aos inevitáveis e
reticentes desafios do viver, há um
preso que sonha; uma primavera que retorna. Como o velho Rogerio Velasco,
personagem do conto Testamento hológrafo, diria:
deixo um vidro com chuva que me
deixava alegremente melancólico
deixo uma insônia com lua crescente e duas estrelas
deixo a sineta com que chamava a esquiva boa sorte
deixo o relâmpago da memória, que às vezes ilumina os baldios da minha consciência.
deixo uma insônia com lua crescente e duas estrelas
deixo a sineta com que chamava a esquiva boa sorte
deixo o relâmpago da memória, que às vezes ilumina os baldios da minha consciência.
Primavera num espelho partido , obra do grande escritor uruguaio, dá-nos
prova cabal de que toda (a) vida
é singular, única, mas , sempre, enredada, nas tramas, de outra(s) vida(s), que
com ela se encontra e desencontra, tecendo e destecendo
os des-a-
fios da vida...Tudo é tão delicado!!! ∞
O
importante não é sair da escola como profissional competente, mas estar
consciente dos problemas da vida, desta miséria imensa que precisa ser
eliminada.
Oscar
Niemeyer
Cordial e respeitosamente
Lucia J. Duarte
A DIREÇÃO DO C. E.. JOSE MARTI
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