VEM DOS TEMPOS MAIS LONGÍNQUOS, O PENSAMENTO MÁGICO, O PENSAMENTO MÍTICO, ----O PENSAMENTO MÍSTICO, RELIGIOSO,----O PENSAMENTO RACIONAL, CIENTÍFICO--, O PENSAMENTO LÓGICO-MÁGICO, “PENSAMENTO REAL-VIRTUAL, PENSAMENTO VIRTUAL-REAL “; PENSAMENTOS ESSES RECORRENTES, COEXISTENTES, HABITANDO O CORPO, A MENTE E O CORAÇÃO DO SER HUMANO LJD O pensamento mítico, historicamente, foi a primeira forma de compreensão do homem em relação a si, ao mundo
SER HUMANO, SER DE LINGUAGENS: movimento de fluxo e refluxo entre racionalidade e emocionalidade
SER HUMANO: social e comunicativo
ESTE VÍNCULO ORIGINÁRIO ENTRE A CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA E A
MÍTICO-RELIGIOSA EXPRESSA-SE, SOBRETUDO, NO FACTO DE QUE
TODAS AS FORMAÇÕES VERBAIS APARECEM OUTROSSIM COMO ENTIDADES MÍTICAS, PROVIDAS DE DETERMINADOS PODERES MÍTICOS, E DE QUE A PALAVRA SE CONVERTE NUMA ESPÉCIE DE ARQUIPOTÊNCIA,
ONDE RADICA TODO O SER E TODO O ACONTECER.
CASSIRER
CULTURAS, TRADIÇÕES, COSTUMES, CRENÇAS , LENDAS , DOGMAS, PRECEITOS, CONCEITOS, PRE-CONCEITOS, , SIGNOS, SIMULACROS, SÍMBOLOS ANTIGOS E MODERNOS ASSOCIADOS À VIDA
NA URDIDURA DESSES VIESES, VEMOS SANTO ANTÔNIO, ASSIM...
SANTO ANTÔNIO, PATRONO DOS NAMORADOS, OU “CASAMENTEIRO” , também,
conhecido por ser o Padroeiro dos pobres; é por excelência o Santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus.Santo Antônio, padroeiro dos pobres , invocado também para o encontro de objetos perdidos.No Brasil, o dia dos namorados cai no dia 12 de junho, na véspera do dia de Santo Antônio, o Santo casamenteiro, que ocorre no dia 13 de Junho. Santo Antônio é um santo extremamente popular, na Itália, na Espanha, em Portugal, e no Brasil. Sua festa coincide com o meio do ano, com o início do Verão no hemisfério norte, e o ciclo das festas juninas, São Pedro, Santo Antônio e São João, é compatível com as celebrações pagãs
São parte do folclore brasileiro as promessas e “simpatias” para arrumar namorado e casamento feitas com Santo Antônio. Algumas envolvem verdadeiras torturas às imagens do santo. Já houve relato de pessoas que penduraram a imagem de ponta cabeça acima de uma bacia, que a jogaram amarrada por uma corda em poços, que vendaram a imagem, que a colocou em geladeira, que a largou ao sol, e toda sorte de pequena malevolência para força o santo a arrumar um casamento! Há também os pequenos feitiços feitos na noite de Santo Antônio, como gotas de vela numa bacia para revelar a inicial do nome do futuro esposo, uma faca virgem cravada numa bananeira para o mesmo fim, nomes de pretendentes em papéis fechados que se abrem numa bacia para dizer qual será o noivo, e por aí vai.
REZAM OS LIVROS SOBRE A HISTÓRIA DE SANTO ANTÔNIO
Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Ele era o único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões y Taveira de Azevedo. Sua infância foi tranqüila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito. A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho.Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra, foram dedicados ao estudo.
Reservado, Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. Bem, pelo menos até um grupo de franciscanos cruzar seu caminho. O encontro, por acaso, numa das ruas de Coimbra marcou-o para sempre. Eles eram jovens diferentes, que traziam nos olhos um brilho desconhecido. Seguiam para o Marrocos, na África, onde pretendiam pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos.
Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão. Disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos; porém contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado à voltar para a casa. Mais uma vez, os céus lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco pessoalmente.
Santo Antônio morreu no dia 13, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de "casa espiritual". Tinha apenas 36 anos de idade.
SANTO ANTÔNIO VIVEU NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIII, EM PLENA IDADE MÉDIA; QUANDO SE DESENVOLVIAM AS CIDADES EXTRA-MUROS - OS BURGOS - E UMA NOVA CLASSE SOCIAL DE ARTESÃOS, MERCADORES, BANQUEIROS, NOTÁRIOS E MÉDICOS ASCENDIA NA SOCIEDADE E NO PODER: “ A BURGUESIA”
A PROPÓSITO, VAMOS LEMBRAR ALGUNS PONTOS-CHAVE DA IDADE MÉDIA
Na Idade Média, encontramos uma sociedade feudal, onde os senhores de terra possuíam um poder quase que monárquico nos seus domínios, construindo suas leis, sua cultura, suas moedas, seus valores . A Igreja e o Estado serviam para legitimação política e limitação dos poderes dos senhores feudais
Durante a Idade Média (século V ao XV), a arte européia foi marcada por uma forte influência da Igreja Católica. Esta atuava nos aspectos sociais, econômicos, políticos, religiosos e culturais da sociedade. Logo, a arte medieval teve uma forte marca temática: a religião. Pinturas, esculturas, livros, construções e outras manifestações artísticas eram influenciados e supervisionados pelo clero católico.
A Igreja Católica era uma das poucas instituições ricas o suficiente para remunerar a obra dos artistas, e portanto a maior parte das obras eram de natureza religiosa (condicionando o que se conhece por arte sacra).
A tapeçaria era a mais importante forma de arte medieval
As duas principais manifestações arquitetônicas (principalmente relacionadas à construção de catedrais) eram o românico (até meados do século XII) e o gótico (de meados do século XII em diante). Apesar de ambas serem normalmente associadas a diferentes períodos históricos, elas nunca deixaram de ser construídas e eventualmente manifestavam-se paralelamente.
As artes visuais foram um dos principais meios encontrados pela igreja católica de passar para a sociedade os valores do cristianismo.; porquanto, a educação era restrita aos nobres e o povo , pois, excluído, também, das letras, da leitura e da escrita
AQUI... RE-OFERTAMOS NOSSOS OLHOS PARA SANTO ANTÔNIO, AFINAL...
POR SANTO ANTÔNIO, ...”AMAR É TÃO BOM, TÃO BOM...!!!”
ORAÇÃO DOS NAMORADOS
Grande amigo Santo Antônio, tu que és o protetor dos namorados,olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos.Faze que eu seja realista, confiante, digno(a) e alegre.Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a doiscom a vocação sagrada para formar uma família.Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas. Que todos os namorados busquem a mútua compreensão,a comunhão de vida e o crescimento na fé.
MAS DESREZAM OS LIVROS SOBRE A HISTÓRIA DE SANTO ANTÔNIO, EM IMBRÓGLIO COM SÃO VALENTIM
CASAR OU NÃO CASAR?! EIS A QUESTÃO RESOLVIDA PELO IMPERADOR CLAUDIUS II
A história do Dia de São Valentim, ou Saint Valentinus , que é um santo católico, dá nome ao Dia dos Namorados em muitos países, onde celebram o Dia de São Valentim. O nome refere-se a pelo menos três santos martirizados na Roma antiga, remonta um obscuro dia de jejum tido em homenagem a esse santo. A associação com o amor romântico chega depois do final da Idade Média, durante o qual o conceito de amor romântico foi formulado._Durante o governo do imperador Claudius II, Claudius proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Claudius acreditava que os jovens se não tivessem família, alistariam com maior facilidade. No entanto, um bispo romano continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentine e as cerimónias eram realizadas em segredo.A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Asterius, filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentine. Os dois apaixonaram-se e Asterius milagrosamente recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentine”, expressão ainda hoje utilizada. Valentine foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C.
E PARA MAIS, E MELHOR, ENTENDER A RELEVÂNCIA DE “SANTO ANTÔNIO” NA HISTÓRIA DA VIRAGEM DOS SÉCULOS XII E XIII , E, POR CONSEGUINTE, HISTÓRIAS IMORTALIZADAS PELOS QUE VIERAM DEPOIS, CONTANDO-O E CANTANDO-O EM VERSOS E EM PROSAS, COMO O FEZ, POR EXEMPLO, PADRE ANTÔNIO VIEIRA, NO SÉCULO XVII, NO CENÁRIO BARROCO, PROSSEGUIMOS COM UMA BREVE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO “SERMÂO DE SANTO ANTÔNIO AOS PEIXES, ESCRITO POR PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Contextualização de Padre António Vieira: Barroco – arte de deslumbrar e impressionar; culto da forma, como reação ao século XVI (classicismo); Padre
Antônio Vieira, um tecelão barroco, cheio de perícia em desfiar os textos bíblicos para compor um texto novo, crítico
A obra de Padre Antônio Vieira está intimamente ligada a sua vida (padre-sermões); uma vida muito activa, de luta, repúdio e condenação as mazelas humanas, por que pregava o fim em seus sermões
O Sermão de Santo António aos Peixes, pregado na cidade de S. Luís do Maranhão, no ano de 1654, é uma das obras retóricas mais emocionantes e cativantes de Padre António Vieira. Este sermão foi concebido com o intuito de criticar e denunciar espiritual e socialmente a sociedade contemporânea, não esquecendo o grande objetivo de fortificar e disseminar o Cristianismo.
POR OPORTUNO, VAMOS, DESTACAR, AINDA, ALGUMAS PONTOS RELEVANTES DO TEXTO ARGUMENTATIVO, COM VISTAS À TÉCNICA DO SERMÃO
O sermão é um texto argumentativo
Estrutura do texto argumentativo : TESE -PREMISSA => ARGUMENTOS => CONCLUSÃO
RESUMO DO TEXTO ARGUMENTATIVO: a) Introdução => defesa da tese (contextualização e ponto de vista); b) Corpo do texto => Seqüência de argumentos (defesa da tese) informações de suporte relevantes (detalhes de apoio aos argumentos/ polifonia); c) Conclusão => Resumo ou reforço da tese (o autor também lança outros questionamentos, os quais se julgam importantes serem investigados em pesquisas posteriores).
Objetivo nuclear: convencer o leitor de um determinado ponto de vista
Funcionamento do texto argumentativo: docere (ensinar), delectare (agradar), movere (modificar)
“O sermão dos peixes” é uma alegoria : os peixes são metáforas dos homens; simbolizando os vícios dos colonos do Brasil ("peixes grandes que comem os pequenos")
SERMÃO DE SANTO ANTÔNIO AOS PEIXES, DE PE. ANTÔNIO VIEIRA
JÁ QUE NÃO ME QUEREM OUVIR OS HOMENS, OUÇAM-ME OS PEIXES...
ENFIM, QUE HAVEMOS DE PREGAR HOJE AOS PEIXES?
MAS JÁ QUE ESTAMOS NAS COVAS DO MAR, ANTES QUE SAIAMOS DELAS, TEMOS LÁ O IRMÃO POLVO, CONTRA O QUAL TÊM SUAS QUEIXAS, E GRANDES, NÃO MENOS QUE S. BASÍLIO E SANTO AMBRÓSIO. O POLVO COM AQUELE SEU CAPELO NA CABEÇA, PARECE UM MONGE; COM AQUELES SEUS RAIOS ESTENDIDOS, PARECE UMA ESTRELA; COM AQUELE NÃO TER OSSO NEM ESPINHA, PARECE A MESMA BRANDURA, A MESMA MANSIDÃO. E DEBAIXO DESTA APARÊNCIA TÃO MODESTA, OU DESTA HIPOCRISIA TÃO SANTA, TESTEMUNHAM CONSTANTEMENTE OS DOIS GRANDES DOUTORES DA IGREJA LATINA E GREGA, QUE O DITO POLVO É O MAIOR TRAIDOR DO MAR. CONSISTE ESTA TRAIÇÃO DO POLVO PRIMEIRAMENTE EM SE VESTIR OU PINTAR DAS MESMAS CORES DE TODAS AQUELAS CORES A QUE ESTÁ PEGADO. AS CORES, QUE NO CAMALEÃO SÃO GALA, NO POLVO SÃO MALÍCIA; AS FIGURAS, QUE EMPROTEU SÃO FÁBULA, NO POLVO SÃO VERDADE E ARTIFÍCIO. SE ESTÁ NOS LIMOS, FAZ-SE VERDE; SE ESTÁ NA AREIA, FAZ-SE BRANCO; SE ESTÁ NO LODO, FAZ-SE PARDO; E SE ESTÁ EM ALGUMA PEDRA, COMO MAIS ORDINARIAMENTE COSTUMA ESTAR, FAZ-SE DA COR DA MESMA PEDRA. E DAQUI QUE SUCEDE? SUCEDE QUE O OUTRO PEIXE, INOCENTE DA TRAIÇÃO, VAI PASSANDO DESACAUTELADO, E O SALTEADOR, QUE ESTÁ DE EMBOSCADA DENTRO DO SEU PRÓPRIO ENGANO, LANÇA-LHE OS BRAÇOS DE REPENTE, E FÁ- LO PRISIONEIRO. FIZERA MAIS JUDAS? NÃO FIZERA MAIS, PORQUE NÃO FEZ TANTO. JUDAS ABRAÇOU A CRISTO, MAS OUTROS O PRENDERAM; O POLVO É O QUE ABRAÇA E MAIS O QUE PRENDE. JUDAS COM OS BRAÇOS FEZ O SINAL, E O POLVO DOS PRÓPRIOS BRAÇOS FAZ AS CORDAS. JUDAS É VERDADE QUE FOI TRAIDOR, MAS COM LANTERNAS DIANTE; TRAÇOU A TRAIÇÃO ÀS ESCURAS, MAS EXECUTOU-A MUITO ÀS CLARAS. O POLVO, ESCURECENDO-SE A SI, TIRA A VISTA AOS OUTROS, E A PRIMEIRA TRAIÇÃO E ROUBO QUE FAZ, É À LUZ, PARA QUE NÃO DISTINGA AS CORES. VÊ, PEIXE ALEIVOSO E VIL, QUAL É A TUA MALDADE, POIS JUDAS EM TUA COMPARAÇÃO JÁ É MENOS TRAIDOR! OH QUE EXCESSO TÃO AFRONTOSO E TÃO INDIGNO DE UM ELEMENTO TÃO PURO, TÃO CLARO E TÃO CRISTALINO COMO O DA ÁGUA, ESPELHO NATURAL NÃO SÓ DA TERRA, SENÃO DO MESMO CÉU! LÁ DISSE O PROFETA POR ENCARECIMENTO, QUE “NAS NUVENS DO AR ATÉ A ÁGUA É ESCURA”: TENEBROSA AQUA IN NUBIBUS AERIS. E DISSE NOMEADAMENTE NAS NUVENS DO AR, PARA ATRIBUIR A ESCURIDADE AO OUTRO ELEMENTO, E NÃO À ÁGUA; A QUAL EM SEU PRÓPRIO ELEMENTO É SEMPRE CLARA, DIÁFANA E TRANSPARENTE, EM QUE NADA SE PODE OCULTAR, ENCOBRIR NEM DISSIMULAR. E QUE NESTE MESMO ELEMENTO SE CRIE, SE CONSERVE E SE EXERCITE COM TANTO DANO DO BEM PÚBLICO UM MONSTRO TÃO DISSIMULADO, TÃO FINGIDO, TÃO ASTUTO, TÃO ENGANOSO E TÃO CONHECIDAMENTE TRAIDOR! VEJO, PEIXES, QUE PELO CONHECIMENTO QUE TENDES DAS TERRA SEM QUE BATEM OS VOSSAS MARES, ME ESTAIS RESPONDENDO E CONVINDO, QUE TAMBÉM NELAS HÁ FALSIDADES, ENGANOS, FINGIMENTOS, EMBUSTES, CILADAS E MUITO MAIORES E MAIS PERNICIOSAS TRAIÇÕES. E SOBRE O MESMO SUJEITO QUE DEFENDEIS, TAMBÉM PODEREIS APLICAR AOS SEMELHANTES OUTRA PROPRIEDADE MUITO PRÓPRIA; MAS POIS VÓS A CALAIS, EU TAMBÉM A CALO. COMGRANDE CONFUSÃO, PORÉM, VOS CONFESSO TUDO, E MUITO MAIS DO QUE DIZEIS, POIS NÃO O POSSO NEGAR. MAS PONDE OS OLHOS EM ANTÓNIO, VOSSO PREGADOR, E VEREIS NELE O MAIS PURO EXEMPLAR DA CANDURA, DA SINCERIDADE E DA VERDADE, ONDE NUNCA HOUVE DOLO, FINGIMENTO OU ENGANO. E SABEI TAMBÉM QUE PARA HAVER TUDO ISTO EM CADA UM DE NÓS, BASTAVA ANTIGAMENTE SER PORTUGUÊS, NÃO ERA NECESSÁRIO SER SANTO.
(…) DESCENDO AO PARTICULAR, DIREI AGORA, PEIXES, O QUE TENHO CONTRA ALGUNS DE VÓS. E COMEÇANDO AQUI PELA NOSSA COSTA (…), OUVINDO OS RONCADORES E VENDO O SEU TAMANHO, TANTO ME MOVERAM A RISO COMO A IRA. É POSSÍVEL QUE SENDO VÓS UNS PEIXINHOS TÃO PEQUENOS, HAVEIS DE SER AS RONCAS DO MAR? SE COM UMA LINHA DE COSER E UM ALFINETE TORCIDO VOS PODE PESCAR UM ALEIJADO, PORQUE HAVEIS DE RONCAR TANTO? MAS POR ISSO MESMO RONCAIS. DIZEI-ME: O ESPADARTE PORQUE NÃO RONCA? PORQUE, ORDINARIAMENTE, QUEM TEM MUITA ESPADA TEM POUCA LÍNGUA.(…)”
Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes