Entre 11 de junho e 11 de julho de 2010, pessoas do mundo inteiro assistirão aos jogos da Copa do Mundo. O evento será realizado pela primeira vez no continente africano, tendo a África do Sul como país-sede
EU VOU TORCER
PALA PAZ
PELA ALEGRIA
PELO AMOR
PELAS COISAS BONITAS
EU VOU TORCER
FERNANDA ABREUO Futebol
Composição: Chico Buarque- 1998
Para estufar esse filó/ Como eu sonhei/ Só/ Se eu fosse o Rei/ Para tirar efeito igual/ Ao jogador/ Qual/ Compositor/ Para aplicar uma firula exata/ Que pintor/Para emplacar em que pinacoteca, nega/ Pintura mais fundamental/ Que um chute a gol/ Com precisão/ De flecha e folha seca/ Parafusar algum joão/ Na lateral/Não/ Quando é fatal/ Para avisar a finta enfim/ Quando não é/ Sim/ No contrapé/ Para avançar na vaga geometria/ O corredor/ Na paralela do impossível, minha nega/ No sentimento diagonal/ Do homem-gol/ Rasgando o chão/ E costurando a linha/ Parábola do homem comum/ Roçando o céu/ Um/ Senhor chapéu/ Para delírio das gerais/ No coliseu/ Mas/ Que rei sou eu/ Para anular a natural catimba/ Do cantor/ Paralisando esta canção capenga, nega/ Para captar o visual/ De um chute a gol/ E a emoção/ Da idéia quando ginga(Para Mané para Didi ; para Pagão para Pelé e Canhoteiro)
- Bola de futebol é um utensílio semivivo, / de reações próprias como bicho, / e que, como bicho, é mister / (mais que bicho, como mulher) / usar com malícia e atenção / dando aos pés astúcias de mãos.
João Cabral de Mello Neto
Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola
Nelson Rodrigues
Não assisto a jogo de futebol. Não sei o nome dos jogadores. Não torço por nenhum time. Sou um “idiota”. No seu sentido etimológico essa palavra quer dizer uma pessoa que tem características que lhe são peculiares, só dela. No Brasil quem não torce por um time tem de ser um “idiota” porque todo mundo torce.(...)
Não sei a origem do costume de se colocar o sufixo “inho” ao final do nome dos jogadores de futebol. “Inho” é um sufixo diminutivo, carinhoso, acriançante. Mas quando se vê um jogo não há “inhos” em campo. É um jogo bruto, cheio de trapaças, malandragens, pontapés, empurrões, rasteiras, palavrões e, por vezes, sopapos. Acho que o sufixo apropriado aos jogadores de futebol deveria ser “ão”(...)
O futebol dá sentido à vida de milhões de pessoas que, de outra forma, estariam condenadas ao tédio. O futebol faz esquecer lealdades políticas, ideológicas, religiosas, econômicas, raciais. É a grande religião ecumênica. Acabam as diferenças
Nesse circo eu sou o palhaço. Não levo o futebol a sério. Levo a riso... Os palhaços são aqueles que transformam as coisas sérias em coisas engraçadas (...)
RUBEM ALVES
Ariano Suassuna escreveu:
"Uma das características mais fortes do povo brasileiro é a capacidade que ele tem de transformar tudo em música e ritmo, o que faz pelos espetáculos populares, pelo canto, pela dança - pela festa, enfim. É dentro do mesmo espírito que o futebol foi adaptado aqui, de modo absolutamente nosso, peculiar, singular, um modo que corresponde às estruturas físicas e psicológicas mais profundas do nosso povo
O drible-de-corpo, recebeu uma definição perfeita de Chico Buarque:
O drible de corpo é quando o corpo tem presença de espírito.
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.” E a bola podia ser feita com um maço de folhas de jornal enfiadas numa meia feminina, de jornal amarrado com barbante, ou, simplesmente, tomava-se uma laranja, uma abóbora, uma lata velha amassada ou uma chapinha de cerveja como se fosse a esfera mágica dos manuais. Nesse processo de conquista popular dos times e campos futebolísticos
(...)
Assim, o jogo aristocrático transformou-se, aos poucos, em fenômeno popular, percorrendo o caminho que conduz da casa-grande à senzala
(...)
Para a democratização do futebol brasileiro". Involuntariamente, é desnecessário dizer. Mas a grande virada veio mesmo em 1923, com o Vasco da Gama.
(...)
.[brasileiros excluídos] Viram naquele esporte um lazer barato e um meio de driblar o “apartheid”, COM GINGA E MALANDRAGEM, INTELIGÊNCIA DO CORPO, “JOGADA” DA ALMA BRASILEIRA
FONTE: http://www.cultura.gov.br/site/2003/06/02/futebol-barroco-mestico-por-antonio-riserio/
Futebol: barroco-mestiço, por Antônio Risério
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