E, NÓS, DO C.E. JOSE MARTI, VAMOS AO CINEMA !!!
DIA 16/06/2010- QUARTA-FEIRA - ÀS19 HORAS ; SALA 7, DO CINEMARK CARIOCA SHOPPING
FILME: QUINCAS BERRO D’ÁGUA
DA LITERATURA PARA O CINEMA...
A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA (1959), DE JORGE AMADO
É considerado por críticos literários importantes, um romance atípico de Jorge Amado, pela ausência de sua temática eminentemente baiana.O livro é, de acordo com alguns críticos, baseado no "Evangelho Segundo o Espiritismo", de Allan Kardec - Quincas Berro D'Água - o protagonista- "volta à vida" para escolher a sua morte – e, talvez, por essa razão, afirmam esses críticos, o livro foi mais tarde desprezado por seu autor, que via nele o registro de uma fase de sua vida que Jorge Amado preferia esquecer.
A obra, enquadrando-se no Realismo Mágico, mistura sonho e realidade; loucura e racionalidade; amor e desamor; ternura e rancor,
Segundo um trovador do Mercado de São Salvador, , a escolha “de como morrer” por Quincas passou-se assim:
'No meio da confusão ouviu-se Quincas dizer:'
- Me enterro como entender na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
Pra melhor ocasião.
Não vou deixar me prender
Em cova rasa no chão.
'E foi impossível saber
Em A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA _ obra inserida na segunda fase do Modernismo (o intitulado "Romance da Seca”) _ há a crítica ao comportamento , aos valores, a ideologia, enfim, a vida da burguesia, uma crítica “sociopolítica”.
A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO D'ÁGUA é o que a crítica costuma rotular de contador de estórias. Não segue, intencionalmente, o rigor da técnica de construção literária , rompendo com as normas gramaticais e ortográficas. Incorporando à língua escrita termos e expressões típicas da língua oral de sua amada Bahia
PERSONAGENS PRINCIPAIS
Joaquim Soares da Cunha ou Quincas Berro D'Água - protagonista
Sua família - Otacília, mulher; Vanda, filha; Leonardo Barreto, genro; Eduardo e Marocas, irmãos.
Seus amigos - Curió, Negro Pastinha; Cabo Martim; Pé-de-vento.
Sua amante - Quitéria do Olho Arregalado
EM BREVES PALAVRAS, O ENREDO...
Joaquim Soares da Cunha foi funcionário público, pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou do serviço público. A partir daí, jogou tudo para o alto: família, respeitabilidade, conhecidos, amigos, tradição; logo, morre Joaquim Soares da Cunha, que “renasce” , então, como Quincas Berro D'Água, caindo na malandragem, no alcoolismo, na jogatina. Trocou a vida familiar pela convivência com as prostitutas, os bêbados, os marinheiros, os jogadores e pequenos meliantes e contraventores da ralé de Salvador. Sua sede era saciada com cachaça e seu descanso era no ombro acolhedor da prostituta Quitéria. Quincas , logo, passou a ser respeitado e admirado por seus novos companheiros de infortúnio (Curió, Negro Pastinha; Cabo Martim; Pé-de-vento.). Quincas morreu “solitariamente”, mas no velório, a “família adotada”, amigos das farras, embriagam –se e resolvem, bêbados, levar o defunto para um último "giro" pelo baixo-mundo que habitavam juntos, Quincas renasce pela segunda vez, a andança “vagab(m)unda” terminou em um saveiro, onde havia comida e mulheres. Vem uma tempestade e o corpo de Quincas cai ao mar, morre Quincas pela segunda vez, “definitivamente”. Dito assim sucintamente, explica-se, fundamenta-se, o título da obra. que infringe o senso comum: “a morte e a morte...”, pois Quincas Berro D'Água “morre duas vezes”
SOBRE JORGE AMADO...
Sabe-se que ele era filho de fazendeiro e oriundo da classe média. Sua inserção no mundo literário iniciou-se com a participação no Movimento Modernista(1922, ano em que foi realizada a Semana de Arte Moderna ), cuja proposta vanguardista, através da Academias dos Rebeldes, em Salvador, na Bahia, no final dos anos 20
Jorge Leal Amado de Faria nasceu em Itabuna, Bahia, no dia 10 de agosto de 1912 e morreu em Salvador, Bahia, no dia 6 de Agosto de 2001, poucos dias antes de completar 89 anos de idade.
Jorge Amado era simpatizante do candomblé, religião na qual exercia o posto de honra de Obá de Xangô no Ilê Opó Afonjá
Jorge Amado foi jornalista, e envolveu-se com a política ideológica, tornando-se comunista, como muitos de sua geração. são temas constantes em suas obras os problemas e injustiças sociais, o folclore, a política, crenças e tradições, e a sensualidade do povo brasileiro
Jorge Amado foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 6 de abril de 1961, ocupando a cadeira 23, cujo patrono é José de Alencar. De sua experiência acadêmica, bem como para retratar os casos dos imortais da ABL; nessa época escreveu Farda, fardão, camisola de dormir, uma crítica aos ranços da Academia
A obra de Jorge Amado é uma das mais adaptadas para o cinema, o teatro e para a televisão, como Tieta, Gabriela e Tereza Batista são criações suas, além de Dona Flor e Seus Dois Maridos, A Morte e a Morte de Quincas Berro D'Água
- COM O POVO APRENDI TUDO QUANTO SEI, DELE ME ALIMENTEI E, SE MEUS SÃO OS DEFEITOS DA OBRA REALIZADA, DO POVO SÃO AS QUALIDADES PORVENTURA NELA EXISTENTES. PORQUE, SE UMA VIRTUDE POSSUI, FOI A DE ME ACERCAR DO POVO, DE MISTURAR - ME COM ELE, VIVER SUA VIDA, INTEGRAR - ME EM SUA REALIDADE.
JORGE AMADO, 1981
ORA, VAMOS AO CINEMA...MAS, ANTES...UM POUCO DA HISTÓRIA DO CINEMA...UMA PARADA EM MOVIMENTO
Em dezembro de 1895, pela primeira vez, um filme foi projetado publicamente em uma tela. Esta projeção foi realizada pelos irmãos Auguste Lumière (1862-1954 ) e Louis Lumière (1864-1948) , aconteceu num café parisiense, França. Foram cenas simplórias, sendo uma delas a de um trem chegando a uma estação.Poucos meses depois, todas as grandes cidades da Europa tinham filmes em exibição
O cinema é uma arte complexa, relaciona fotografia, teatro, pintura, música...
O cinema, desde sua criação, e ainda hoje, século XXI, é portal para exibição dos mais diversos discursos ideológicos; contudo, evidentemente, leitor, mudanças incisivas ocorreram desde o primeiro momento de sua criação (o cinema mudo) até ao nosso cinema da pós-modernidade
Segundo alguns historiadores, quando o cinema surgiu, ainda não havia sido fixado um código próprio e este encontrava-se misturado a outras formas culturais: cartuns, revistas ilustradas e cartões
Entre 1907-1913, o cinema aos poucos organizou-se de forma industrial, estabelecendo uma especialização da várias etapas de produção e exibição de filmes, que passaram a ser mais compridos, atingindo cerca de 15 minutos. A figura do produtor, hoje indispensável numa produção cinematográfica surgiu neste período de transição do primeiro. As mudanças são circunstâncias políticas e culturais... Os americanos lançam o primeiro e mais longo espetaculoso filme: The Birth of a Nation (O nascimento de uma nação), longa que trazia a Guerra Civil americana como tema central..
CINEMA FALADO (por volta de 1930), o advento do som, nos Estados Unidos, revoluciona a produção cinematográfica mundial. Os anos 30 consolidam os grandes estúdios e consagram astros e estrelas em Hollywood. destaque. A partir de 1945, com o fim da 2ª Guerra, há um renascimento das produções nacionais
CINEMA NOIR
Cinema Noir, estilo de filme cultuado, considerado “diferencial; cinema atrelado ao expressionismo, sob o jugo do Nazismo; produções expressionistas alemãs ganharam fama em pontos distintos do planeta, com notoriedade para os Estados Unidos, que sofreram a influência direta destas produções, principalmente no que tange ao filme noir.O Cinema Noir, grande destaque dos anos 40 e 50, exibia uma atmosfera sombria e decadente, e trazia para as telas o submundo das grandes cidades, ... Com o passar dos tempos, o cinema noir tornou-se objeto de culto. Filmes atuais como Los Angeles – Cidade Proibida (1997), Estrada perdida (1997) e O homem que não estava lá (2001) seriam versões modernas do gênero. O elemento central do gênero é o crime e simbolizava o mal-estar pós-guerra dos americanos.
Vamos dar um pulo no tempo, cientes de que longe estamos de esgotar a história do cinema, faremos um pequeno recorte na história do cinema nacional; contudo, imprescindível, é fazer um parênteses sobre o chamado “Cinema Novo” e brasileiros notáveis dessa arte, como : o baiano Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Paulo Cezar Saraceni, Gustavo Dahl
VIDA E MORTE DO CINEMA NOVO
Tudo começa em 1952 com o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro e o I Congresso Nacional do Cinema Brasileiro. Por meio desses congressos, foram discutidas novas idéias para a produção de filmes nacionais. Essa nova fase pôde ser bem refletida a partir do filme “Rio, 40 Graus” (1955), de Nelson Pereira dos Santos,influenciado pelo neo-realismo italiano
Os filmes seriam voltados à realidade brasileira e com uma linguagem adequada à situação social da época. Os temas mais abordados estariam fortemente ligados ao subdesenvolvimento do país. Esse tipo de cinema destinava-se a ser um instrumento de conscientização, “[...] produtos ideológicos que tivessem conseqüências ideológicas” (GERBER, 1977)
O cinema novo foi composto por três importantes fases. A primeira delas vai de 1960 a 1964. Nesse período, os filmes eram voltados ao cotidiano e à mitologia do nordeste brasileiro, com os trabalhadores rurais e as misérias da região. O filme de Glauber Rocha, A Fascinante Aventura do Cinema Brasileiro (1981), era a libertação da linguagem cinematográfica de seus entraves coloniais, entrando em choque mortal com o cinema estrangeiro
A segunda fase do cinema brasileiro, de 1964 a 1968, os cineastas analisavam os equívocos da política desenvolvimentista e principalmente da ditadura militar. Os filmes também faziam reflexão sobre os novos rumos da história nacional
A terceira e última fase do Cinema Novo, que vai de 1968 a 1972, é influenciada pelo tropicalismo. O movimento levava suas atitudes às ultimas conseqüências e extravasou por meio do exotismo brasileiro.
Mas logo a repressão política deu fim ao movimento e até alguns dos seus cineastas tiveram de se exilar. Grande parte das produções foram fracassos comerciais. Surge então um novo movimento no país, o Cinema Marginal...
Isto posto, voltemos ao “Cinema da Retomada”, década de 90 a...
Cinema da "Retomada" é o nome dado ao cinema brasileiro atual a partir da recuperação da produção cinematográfica no Brasil de 1993-1994
Na década de 90, o cinema brasileiro sofre um dos maiores golpes da sua história com o fim da Embrafilme e do Concine no governo Collor de Mello. E no governo Itamar Franco são criadas as leis de incentivo à cultura, no caso do cinema, mais específicamente, a Lei do Audiovisual, em 1993. No entanto, é no governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2001) que as leis de incentivo assumem o primeiro plano da política cultural brasileira
Um filme foi fundamental para que o Brasil ressurgisse nas telas com o tema e justificativa da retomada do cinema nacional: Carlota Joaquina, a princesa do Brazil (1995). Consultados por jornais e entrevistados em programas televisivos, historiadores e especialistas criticaram a superficialidade da abordagem; o filme histórico estereotipado, a carnavalização da história (?!)
Ao contrário dos cineastas filiados ao cinema novo e ao cinema marginal, que investiram no experimentalismo e, na maior parte dos casos, permaneceram indiferentes perante às leis e às regras mercadológicas, o cinema da retomada apresenta fidelidade às narrativas cinematográficas de cunho tradicional, esquemáticas e por vezes naturalistas, típicas do cinema hollywoodiano...
CURIOSIDADES
_O cinema surgiu no apagar das luzes do século 19 e se espalhou pelo planeta com relativa rapidez. Em vários países, se afirmou como uma das formas hegemônicas de arte e de entretenimento, a ponto de se dizer que o século 20 foi o "século do cinema".
_A expressão "sétima arte", utilizada para designar o cinema, foi criada em 1912 pelo italiano Ricciotto Canuto.
_Os Jogos de sombras – Surgem na China, por volta de 5.000 a.C. É a projeção, sobre paredes ou telas de linho, de figuras humanas, animais ou objetos recortados e manipulados. O operador narra a ação, quase sempre envolvendo príncipes, guerreiros e dragões as do teatro de marionetes oriental é considerado um dos mais remotos precursores do cinema.
_George Mélies (1861-1938 ) diretor, ator, produtor, fotógrafo e figurinista, é considerado o pai da arte do cinema , Ilusionista francês de sucesso , usava inventivos efeitos fotográficos para a criação de mundos fantásticos; opõe-se ao estilo documentarista dos irmãos Lumière
_David W. Griffith (1875-1948), nascido nos Estados Unidos, é considerado o criador da linguagem cinematográfica; realiza o primeiro longa-metragem americano, tido como a base da criação da indústria cinematográfica de Hollywood
_Charles Chaplin (1889-1977), diretor, produtor e ator -“herói irrefutável do cinema mudo”- na ascensão de hollywood cinematográfica-resistiu bravamente ao cinema falado e, apenas treze anos depois de seu surgimento, o cineasta deu voz a seus personagens em O Grande Ditador/The Great Dictator, de 1940
_E o Vento Levou, de Victor Fleming, de 1939, foi o filme mais visto em todo o mundo: cerca de 120 milhões de pessoas assistiram à história de amor protagonizada por Clark Gable e Vivian Leigh
AS OBRAS LITERÁRIAS QUE DERIVAM DAS FORMAS CARNAVALESCAS BAKHTIN CHAMARÁ DE REALISMO GROTESCO, QUE SÃO OBRAS LIGADAS AO RISO POPULAR, ÀS PARÓDIAS, À PROFANAÇÃO DO SAGRADO, À DEGRADAÇÃO, AO GROTESCO; EM SUMA:
O RISO DEGRADA E CORPORIFICA
BAKHTIN
PORQUE O TEMPO É UMA INVENÇÃO DA MORTE:
NÃO O CONHECE A VIDA - A VERDADEIRA -
EM QUE BASTA UM MOMENTO DE POESIA
PARA NOS DAR A ETERNIDADE INTEIRA.
MÁRIO QUINTANA
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