segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

PÓS-MODERNISMO: TUDO CO-EXISTE EM PERMANENTES INTER-AÇÕES...MO (VI ) MENTOS...

Tenaz e suavemente, a música  in (ve) stigando o (auto) conhecimento...TRAVESSIA AD-INFINITUM...

Máscara

Pitty

Diga, quem você é me diga
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida
Tira, a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro, jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer, consciente, inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja...
Tira, a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer, consciente, inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja...
O meu cabelo não é igual
A sua roupa não é igual
Ao meu tamanho, não é igual
Ao seu caráter, não é igual
Não é igual, não é igual, não é igual
I had enough of it
But I don't care
I had enough of it
But I don't care (x2)
Diga quem você é, me diga
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida
E o importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro

Mesmo que seja estranho, seja você




Tal concepção acerca da “identidade fluida”, experienciada na pós-modernidade, pode resumir-se numa memorável sentença de Píndaro ( Píndaro nasceu na cidade grega de Cinoscéfalos, localizada perto de Tebas, em 520 a.C., é considerado um dos mais importantes poetas líricos da história literária ) :


Torna-te o que és!

NOTA:
O Gênero Lírico nasceu de uma modalidade poética que era, no período medieval, cantada e executada ao som de instrumentos musicais como a lira, daí a origem da expressão ‘lírico’, a qual provém do latim ‘lyricu’.


Nas últimas décadas do século XX, duas correntes emergiram : uma delas, integrada por um grande número de intelectuais - filósofos, sociólogos, historiadores, arquitetos, artistas, entre outros, em defesa da chamada “pós-modernidade”; para essa corrente, a modernidade (enquanto período histórico determinado), estaria ultrapassada e, consequentemente, já nos encontraríamos em uma nova era, uma era “pós-moderna”; a outra corrente, opondo-se à primeira, também formada por pensadores de diferentes áreas, entende que o projeto da modernidade ainda não teria chegado ao seu final; portanto para essa segunda corrente o termo “pós-modernidade “ é indevido, e deveríamos, ainda, estar empregando o termo “modernidade”, sem contudo negar as profundas mudanças ocorridas no mundo inteiro, nesses últimos anos do século XX e início do século XXI, haja vista o irrefutável desenvolvimento científico e tecnológico intervindo em tudo o que existe, “ou que imaginamos- ou cremos- existir”, alterando conceitos os mais basilares e arraigados possíveis à história da humanidade, como por exemplo, os conceitos de “tempo e espaço”, entre tantos outros ressignificados, reinterpretados. Em suma, para uma ou outra corrente , vale dizer: tudo está sob “in ( ves) tigação”, tudo pode – e deve- ser questionado, não há verdades absolutas, tudo é “incerteza”, tudo está aberto “ ao devaneio do inqueridor, do observador”, coloca-se mesmo em relevo o “hibridismo”, Novas identidades estão surgindo, deixando o indivíduo moderno fragmentado. “descentração do sujeito, “sujeito-real/ sujeito-virtual; essência e aparência, ser e devir . Assim, no que se refere à identidade, opta-se por falar em “identidades”
LJD


A propósito, Stuart Hall trata de três concepções de identidade:
1) a do sujeito iluminista (individualista);
2) a do sujeito sociológico (interacionista)
3) e a a identidade  do sujeito pós-moderno (que efetiva a “celebração móvel”, fluida)


Isto posto, assim resumidamente, permite-nos afirmar que no pós-modernismo, é imprescindível, imperativo mesmo, estar atento aos significados mutantes das palavras ( Saussure ), pois a polissemia é a trama dos dis-cursos pós- modernos, enredando as histórias, com-fabulando, ditos e desditos fazem parte do cotidiano da pós-modernidade...é o retorno de Babel, um imbróglio , acumulam-se informações, em movimentos incessantes, “fugidios”, avassaladora velocidade, dificulta-se , se não, obstaculiza-se, a construção do conhecimento, as informações “se desmancham no ar”- parafraseando Ítalo Calvino
LJD


Nas palavras de Stuart Hall :


[...] o sujeito do iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado, resultando nas identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas, do sujeito pós-moderno

Neste ponto, convém enfatizar que vivemos num tempo conflitado, e-ditado pelo prazer, que, veladamente, se impõe como obrigação, dever do sujeito pós-moderno; tempo em que os homens são persuadidos a crer no discurso que anuncia um reino de felicidade material incontida, consumismo desenfreado, tempo de culto extremado da imagem; promessa paradisíaca de um reino globalizado e mundialmente equitativo, equânime; controvertida e paradoxalmente delineado segundo a lógica e os interesses do mercado. Reino gestado sob o fluxo da comunicação, onde o dialogismo e a polifonia são as chaves-mestra para o entendimento de que, mesmo em um ser isolado, é possível identificar mais de uma voz.. E o mérito , nas palavras de Paulo freire, “é saber que o mundo está sendo”
LJD
O pós-modernismo é um ecletismo, isto é, mistura várias tendências e estilos sob o mesmo nome. Ele não tem unidade; é aberto, plural e muda de aspecto se passamos da tecnociência para as artes plásticas, da sociedade para a filosofia. Inacabado, sem definição precisa [...]
                             Jair Ferreira Santos
  • ASPECTOS MARCANTES DO PÓS-MODERNISMO:

_O mundo se povoa de imagens, mensagens, bricolagens, virtualidades. O simulacro aparece no lugar da realidade.


_Transformação da noção de tempo e espaço


_ Identidade - O sujeito pertence ao lugar como este a ele, pois a produção do lugar se liga à produção da vida.


_ Individualismo. Identidade fluida e mutável. Etnicidade.


Ademais, sobre o ser, “narcisista” ( por analogia com o deus pagão grego Narciso, o belo, o espelho, “apaixonado por si mesmo, por sua imagem irresistível, sedutora, “mortal”), na pós-modernidade - ou também chamado de Capitalismo Tardio - Baudrillard afirma :
Na pluralidade, na multiplicidade, o ser nada mais faz do que trocar-se por si mesmo ou por seus múltiplos avatares. Ele faz metástase, não se metamorfoseia
Nosso tempo, sem dúvida . . . prefere a imagem à coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser. . . O que é sagrado não passa de ilusão, pois a verdade está no profano. Ou seja, à medida que decresce a verdade a ilusão aumenta, e o sagrado cresce a seus olhos de forma que o cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
                                    Feuerbach

Somos como o mítico Sísifo, que, após desobedecer aos deuses, é condenado a enfrentar cotidianamente sua rotina de rolar o rochedo até o cume de uma montanha, de onde irá rolar até o sopé e deverá novamente ser levado ao alto por ele. Para Camus, Sísifo é o herói absurdo, tanto por suas paixões como por seu tormento. O desprezo pelos deuses, o ódio à Morte e a paixão pela vida lhe valeram esse suplício indescritível em que todo ser se ocupa em não completar nada. É o preço a pagar pelas paixões deste mundo. Aqui enxergamos o protagonista pós-moderno como ser absurdo, Sísifo pós-moderno, que torna infinita a sua vida demarcada pela falta de um sentido e torna múltipla a sua rotina. A cada chegada e cada partida, esse protagonista faz face ao seu destino e o enfrenta sozinho. Não renuncia à vida – antes, luta por ela, mesmo que seja fugindo de alguma ameaça. Nas suas estâncias, o personagem convive com as suas paixões e pode vislumbrar a sua relação com o mundo, mas seu destino é partir e seu significado é o devir. Sua identidade está perdida; ele só pode apresentar-se como um próprio simulacro: não há mais o que representar em relação à identidade real, não há como definir-se.
O Sísifo pós-moderno - o jogo absurdo entre identidade e simulacro, Alexandre Amorim


Nos antigos rincões da mata virgem/ foi um sêmen plantado com meu nome/ a raiz de tãodura ninguém come/ porque nela plantei a minha origem/ quem tentar chegar perto tem vertigem/ ensinar o caminho eu não sei/ das mil vezes que por lá passei/ nunca pude guardar o seu desenho/ como posso saber de onde eu venho/ se a semente profunda eu não toquei?!
Sêmen, música de Siba e Bráulio Tavares; canção do CD Fuá na Casa de Cabral, da banda Mestre Ambrósio

Temos que ser a mudança que desejamos para o mundo
M. Gandhi


Enfim, por ora, em profunda sintonia com o tudo o que ficou dito alhures,,transcrevemos a seguir a música Yauaretê,  de Milton Nascimento, em versos musicados tratando do drama ético-existencial do homem, em interlocução com a natureza, a onça yauaretê, um paradigma ( “modelo”) a ser copiado, imitado, pois ela, a onça Yauaretê , alcançou o “máximo de sua essência de “ser-onça”, o que é desejo , vontade, do homem, alcançar a plenitude da essência de “ser-homem”, “HOMEM DE VERDADE” !!!
LJD


"Senhora do fogo, Maria, Maria / Onça verdadeira me ensina a ser realmente o que sou (...) / Vem contar o que fui, me mostra meu mundo / Quero ser yauaretê / Meu parente, minha gente, cadê a família onde eu nasci? / Cadê meu começo, cadê meu destino e fim? / Pra que eu estou aqui? (...) / Dama de fogo, Maria, Maria / Onça de verdade, quero ter a luz (...) / Me diz quem sou, me diz quem foi / Me ensina a viver meu destino / Me mostra meu mundo / Quem era que eu sou?
Yauaretê , Milton Nascimento







Nenhum comentário:

Postar um comentário