4 de Dezembro: IANSÃ, EPARREI, EPARREI, EPARREI, IANSÃ!!!
Iansã é o vento, a brisa que alivia o calor. Iansã é também o calor, a quentura, o abafamento. É o tremular dos panos, das árvores, dos cabelos. É a lava vulcânica destruidora. Ela é o fogo, o incêndio, a devastação pelas chamas.
Iansã é a natureza manifesta e latente!!!
“Salve salve deusa musa
Teu vermelho de sangue quente
Tua força de cerrar os dentes
Os pulsos abertos
Derramando trovoadas
A magnética luz
Das entranhas do céu
Rebolas impassível
Sob o filete rubro
Dos amores rasgados”.
Vitor Carmezim
A bem da história, circulamos todos DOS CHAMADOS MITOS ORIGINAIS (OU PRIMORDIAIS) nos quais se encaixavam a orixá iorubana Oyá: o mito perene construído fora dos holofotes das “divindades” do chamado “Quarto Poder AOS MITOS MIDIÁTICOS
Oyá-Iansã !!!O mito é o lado mágico e transcendental da existência humana
O vento da transformação
“O raio de Inhansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Inhansã também sou eu
Que Santa Bárbara é Santa que me clareia
A dona do raio e do vento, Paulo César Pinheiro
UMA LENDA DE IANSÃ
Ogum foi um dia caçar na floresta. Ele ficou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção. Ogum avaliou logo à distância que os separava e preparou-se para matar o animal com a sua espada. Mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e
despir-se de sua pele. Desta pele saiu uma linda mulher.
Ogum foi um dia caçar na floresta. Ele ficou na espreita e viu um búfalo vindo em sua direção. Ogum avaliou logo à distância que os separava e preparou-se para matar o animal com a sua espada. Mas viu o búfalo parar e, de repente, baixar a cabeça e
despir-se de sua pele. Desta pele saiu uma linda mulher.
Era Iansã, vestida com elegância, coberta com panos, um turbante luxuoso amarrado à cabeça e ornada de colares e braceletes. Iansã enrolou sua pele e seus chifres, fez uma trouxa e escondeu num formigueiro. Partiu, em seguida, num passo leve, em direção ao mercado da cidade, sem desconfiar que Ogum tinha visto tudo.
Assim que Iansã partiu, Ogum apoderou-se da trouxa, foi papa casa, guardou-a no celeiro de milho e seguiu, também, para o mercado. Lá, ele encontrou a bela mulher e cortejou-a. Iansã era bela, muito bela, era a mais bela mulher do mundo. Sua beleza era tal que se um homem a visse, logo a desejaria.
Ogum foi subjugado e pediu-a em casamento. Iansã apenas sorriu e recusou sem apelo. Ogum insistiu e disse-lhe que a esperaria. Ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta. Iansã voltou à floresta e não encontrou seu chifre nem sua pele.
“Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer?”Iansã voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava. Ela perguntou-lhe o que ele havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro. Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele. Iansã não se deixou enganar e disse-lhe: “Eu sei que escondeu minha pele e meu chifre.
Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo. Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa. Mas, existem certas regras de conduta para comigo. Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da sua casa. Ninguém poderá me dizer: Você é um animal! Ninguém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo. Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão
da casa”. Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã. Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se. Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã, nem insultá-la.
A vida organizou-se. Ogum saía para caçar ou cultivar o campo. Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres. Ela deu à luz uma criança, depois uma segunda e uma terceira… Ela deu à luz a nove crianças. Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã.
Ogum foi subjugado e pediu-a em casamento. Iansã apenas sorriu e recusou sem apelo. Ogum insistiu e disse-lhe que a esperaria. Ele não duvidava de que ela aceitasse sua proposta. Iansã voltou à floresta e não encontrou seu chifre nem sua pele.
“Ah! Que contrariedade! Que teria se passado? Que fazer?”Iansã voltou ao mercado, já vazio, e viu Ogum que a esperava. Ela perguntou-lhe o que ele havia feito daquilo que ela deixara no formigueiro. Ogum fingiu inocência e declarou que nada tinha a ver, nem com o formigueiro nem com o que estava nele. Iansã não se deixou enganar e disse-lhe: “Eu sei que escondeu minha pele e meu chifre.
Eu sei que você se negará a me revelar o esconderijo. Ogum, vou me casar com você e viver em sua casa. Mas, existem certas regras de conduta para comigo. Estas regras devem ser respeitadas, também, pelas pessoas da sua casa. Ninguém poderá me dizer: Você é um animal! Ninguém poderá utilizar cascas de dendê para fazer fogo. Ninguém poderá rolar um pilão pelo chão
da casa”. Ogum respondeu que havia compreendido e levou Iansã. Chegando em casa, Ogum reuniu suas outras mulheres e explicou-lhes como deveriam comportar-se. Ficara claro para todos que ninguém deveria discutir com Iansã, nem insultá-la.
A vida organizou-se. Ogum saía para caçar ou cultivar o campo. Iansã, em vão, procurava sua pele e seus chifres. Ela deu à luz uma criança, depois uma segunda e uma terceira… Ela deu à luz a nove crianças. Mas as mulheres viviam enciumadas da beleza de Iansã.
Cada vez mais enciumadas e hostis, elas decidiram desvendar o mistério da origem de Iansã. Uma delas conseguiu embriagar Ogum com vinho de palma. Ogum não pôde mais controlar suas palavras e revelou o segredo. Contou que Iansã era, na realidade, um animal; Que sua pele e seus chifres estavam escondidos no celeiro de milho.
Ogum recomendou-lhes ainda: “Sobretudo não procurem vê-los, pois isto a amedrontará. Não lhes digam jamais que é um animal!” Depois disso, logo que Ogum saía para o campo, as mulheres insultavam Iansã: “Você é um animal! Você é um animal!!”
Elas cantavam enquanto faziam os trabalhos da casa: “Coma e beba, pode exibir-se, mas sua pele está no celeiro de milho!” Um dia, todas as mulheres saíram para o mercado. Iansã aproveitou-se e correu para o celeiro. Abriu a porta e, bem no fundo, sob grandes espigas de milho, encontrou sua pele e seus chifres.
Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia. Cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele. Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando. Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas. Com grandes chifradas Iansã rasgou-lhes a barriga, pisou sobre os corpos e rodou-os no ar.
Iansã poupou seus filhos que a seguiam chorando e dizendo: “Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma? Nossa mãe, nossa mãe! Que você vai fazer? Nossa mãe, nossa mãe! Que será de nós?” O búfalo os consolou, roçando seu corpo carinhosamente no deles e dizendo-lhes: “Eu vou voltar para a floresta; lá não é bom lugar para vocês.
Mas, vou lhes deixar uma lembrança.” Retirou seus chifres, entregou-lhes e continuou: “Quando qualquer perigo lhes ameaçar,
quando vocês precisarem dos meus conselhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que vocês estiverem, em qualquer lugar que eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los.” Eis por que dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Iansã.
LENDAS AFRICANAS DOS ORIXÁS - DE PIERRE FATUMBI VERGER - TRADUÇÃO: MARIA APARECIDA NÓBREGA
Ela os vestiu novamente e se sacudiu com energia. Cada parte do seu corpo retomou exatamente seu lugar dentro da pele. Logo que as mulheres chegaram do mercado, ela saiu bufando. Foi um tremendo massacre, pelo qual passaram todas. Com grandes chifradas Iansã rasgou-lhes a barriga, pisou sobre os corpos e rodou-os no ar.
Iansã poupou seus filhos que a seguiam chorando e dizendo: “Nossa mãe, nossa mãe! É você mesma? Nossa mãe, nossa mãe! Que você vai fazer? Nossa mãe, nossa mãe! Que será de nós?” O búfalo os consolou, roçando seu corpo carinhosamente no deles e dizendo-lhes: “Eu vou voltar para a floresta; lá não é bom lugar para vocês.
Mas, vou lhes deixar uma lembrança.” Retirou seus chifres, entregou-lhes e continuou: “Quando qualquer perigo lhes ameaçar,
quando vocês precisarem dos meus conselhos, esfreguem estes chifres um no outro. Em qualquer lugar que vocês estiverem, em qualquer lugar que eu estiver, escutarei suas queixas e virei socorrê-los.” Eis por que dois chifres de búfalo estão sempre no altar de Iansã.
LENDAS AFRICANAS DOS ORIXÁS - DE PIERRE FATUMBI VERGER - TRADUÇÃO: MARIA APARECIDA NÓBREGA
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