sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Livre! / Ser livre da materia escrava (...) (LIVRE, Cruz e Souza)



NESSE 7 DE SETEMBRO, ESPECIALMENTE,   COMEMORAMOS COM A “NOSSA INDEPENDÊNCIA A ABERTURA DO ANO DE PORTUGAL NO BRASIL E DO BRASIL EM PORTUGAL, QUE DECORRE ATÉ 10 DE JUNHO DE 2013, DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS.

 INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, UM PROCESSO HISTÓRICO, CONECTADO A UMA TRAMA POLÍTICO SOCIAL, ENVOLVENDO NÃO SÓ PORTUGAL, ESPANHA, MAS MUITOS OUTROS PAISES ENTRELAÇADOS POR INTERESSES DE FAMA E GLÓRIA, SOBERANIA, “RIQUEZAS E PODERES”
LJD

07 de setembro de 1822 não foi um ato isolado do príncipe D. Pedro, e sim um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial, iniciada com as revoltas de emancipação no final do século XVIII.

Com a “Independência”, a realidade sócio-econômica se manteve com as mesmas características do período colonial; porquanto a história se realiza no tempo e no espaço, processual e continuamente, nada- ou quase nada- se muda com em passes de mágica; outrossim, contextualizado, circunstancializado, às últimas décadas do século XVIII , assinalando-se na América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial.

 NO MEIO DO CAMINHO.... A INCONFIDÊNCIA MINEIRA E A CONJURAÇÃO BAIANA. FORAM OS PRIMEIROS MOVIMENTOS SOCIAIS DA HISTÓRIA DO BRASIL

 
No Brasil, essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação, destacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republicano. Era apenas o início do processo de independência política do Brasil, que se estende até 1822 com o "sete de setembro". Esta situação de crise do antigo sistema colonial, era na verdade, parte integrante da decadência do Antigo Regime europeu, debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos princípios iluministas, que juntos formarão a base ideológica para a Independência dos Estados Unidos (1776) e para a Revolução Francesa (1789). Trata-se de um dos mais importantes movimentos de transição na História, assinalado pela passagem da idade moderna para a contemporânea, representada pela transição do capitalismo comercial para o industrial.

 O AGRAVAMENTO DA CRISE DO COLONIALISMO NO BRASIL, JÁ QUE TROUXERAM PELA PRIMEIRA VEZ OS IDEAIS ILUMINISTAS E OS OBJETIVOS REPUBLICANOS.

 A FAMÍLIA REAL NO BRASIL E A PREPONDERÂNCIA INGLESA

 Há muito Portugal dependia economicamente da Inglaterra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D. João VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia de Portugal, para entrar na esfera do domínio britânico. Para Inglaterra industrializada, a independência da América Latina era uma promissora oportunidade de mercados, tanto fornecedores, como consumidores.

Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definitivamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu diretamente na dependência do capitalismo inglês.Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou fim ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Porto. Implantou-se uma monarquia constitucional, o que deu um caráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, por tratar-se de uma burguesia mercantil que tomava o poder, essa revolução assume uma postura recolonizadora sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e seu filho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, que sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a intenção recolonizadora de Portugal e as guerras de independência na América Espanhola, responsáveis pela divisão da região em repúblicas.

 A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo.

Dessa forma, a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.

 Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios.

 
A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes.

 D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico”

 Em 3 de junho foi convocada uma Assembléia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerou-se inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil.

São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente.

 José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: “É tempo… Independência ou morte… Estamos separados de Portugal”.Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.

 Enfim, com o apoio da elite, D.Pedro declara o Brasil independente ( 7 DE SETEMBRO DE 1822) ; a Independência- O “sete de setembro”- foi a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.

 Isto posto, salvo os inconvenientes hiatos decorrentes do resumo, retornamos à epígrafe com que abrimos esta postagem, assim sublinhando:

 A HISTÓRIA DO PRESENTE IMPLICA DEMANDAR UMA NOVA RELAÇÃO ENTRE PASSADO E PRESENTE, PARA QUE AS PRÁTICAS DE LIBERDADE POSSAM CONTINUAR SEU TRABALHO INFINITO

 O IMPULSO DE PRESERVAR O PASSADO É PARTE DO IMPULSO DE PRESERVAR O EU. SEM SABER ONDE ESTIVEMOS, É DIFÍCIL SABER PARA ONDE ESTAMOS INDO. O PASSADO É O FUNDAMENTO DA IDENTIDADE INDIVIDUAL E COLETIVA; OBJETOS DO PASSADO SÃO A FONTE DA SIGNIFICAÇÃO COMO SÍMBOLOS CULTURAIS. O IMPULSO NOSTÁLGICO É UM IMPORTANTE AGENTE DO AJUSTE À CRISE, É O SEU EMOLIENTE SOCIAL, REFORÇANDO A IDENTIDADE NACIONAL QUANDO A CONFIANÇA ENFRAQUECE OU É AMEAÇADA.
                                                                                              HEWISON,1987, APUD HARVEY

 
Nesse 7 de setembro de 2012, 190 anos da independência do Brasil,  feriado, muita festa, muita emoção, boas e más lembranças, histórias  de reis, príncipes, princesas, plebes , plebeus, povo; mas   a data é marcada também por manifestações populares, protestos e debates sobre independência, soberania, igualdade, cidadania e justiça social. Uma das manifestações populares que acontecem todo dia 7 de setembro no Brasil é O Grito dos Excluídos, formado por pessoas, grupos, entidades, igrejas e movimentos sociais  [...]

  O Grito dos Excluídos 2012  traz como tema: “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”

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