“O
PAPEL DO CONSELHO ESCOLA- COMUNIDADE”
QUAL
É O SEU CONSELHO?!
(...) Da participação democrática
dos cidadãos (...) Estar informado: quem não dispõe da informação necessária a
uma participação esclarecida, equivoca-se quer quando participa, quer quando
não participa. Pode dizer-se com segurança que a promoção da democracia não
ocorreu de par com a promoção das condições de participação democrática. Se
esta tendência continuar, o futuro da democracia, tal como a conhecemos, é
problemático.
“O
futuro da democracia”, de Boaventura de Sousa Santos
A
epígrafe acima objetiva estabelecer um elo com o texto ideia-força de nosso
artigo, discorrendo sobre o papel do
conselho escola-comunidade, porquanto sabemos da nuclearidade das relações de
poder que permeiam as decisões no campo das políticas públicas educacionais,
com primazia para as pessoas, posto que são
insubstituíveis para a construção da
democrática e discutir mecanismos para governar, gestionar, instituir, esse de-vir democrático, que é tarefa das mais nobres do conselho
escola-comunidade. Isso implica dizer que a busca pela autonomia da escola, da
“sua democracia”, sim, “sua democracia”, pois, a democracia é diversidade e
unidade, tomando as “a-feições de cada
comunidade escolar”, insere-se numa luta no seio da própria sociedade. Em suma,
estamos aqui, referindo-nos à democracia para além de um
regime político, mas como um modo de ser
e estar no mundo, solidariamente, no fortalecimento das
relações alteritárias, emanando do interior de cada escola para a vida afora,
com disposição e vontade éticas, o cuidado de si e do outro, o respeito mútuo,
o diálogo, a polifonia ruidosa e chamejante das palavras benditas, calorosas e
luzidias, os bons encontros e a alegria
que aumentam nossa potência de pensar e
agir das “palavras-ações” para sermos
felizes, não para sempre, pois que chatice, que monotonia, outrossim, para
sermos, sempre, despertos uns com os outros, atentos, elegantes, com nossos
tratos e re-tratos. Afinal, a democracia cada vez mais certifica-nos que “ela tem tudo a ver
com o respeito ao outro” . Esse é , ora, nosso “ Bom conselho”, mas aqui,
parafraseando Chico Buarque, “está provado, quem espera nunca alcança, ou , ainda, nas
sábias palavras de Paulo Freire, “Pensar
que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é
um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo.(...)
Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática para tornar- se
concretude histórica. (...) É por isso que não há esperança na pura espera, nem
tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira , assim, espera
vã.”
Em outras palavras, a democracia somente
se consolidará quando passar das
instituições eleitorais para a vida cotidiana, para o dia a dia das vidas das
pessoas, re-significando as relações interpessoais, por onde principia,ininterruptamente,
a vida em sociedade, a vida da organização,
re-construida, ininterruptamente,
e ao comportamento ético corresponde ao preocupar-se com a felicidade pessoal e
coletiva; isto é, ética, liberdade, responsabilidade e compromisso. Para melhor
ilustrar o que entendemos por relações interpessoais e sociabilidade pelo viés
da educação, potencializadora em Direitos Humanos , em Direitos Sociais, por
que, por princípios de excelência e dignidade , devem responder os Conselhos de
Escola, destacamos as palavras da ilustre filósofa Marilena Chauí: "agente
ético" é um ser racional,
responsável e consciente, que sabe o que faz. "Ética pressupõe
consciência, liberdade e responsabilidade (...)
A capacidade de viver bem está em nós mesmos, o mundo exterior é apenas
a expressão dessa liberdade
E, aqui,
delineados alguns pontos –chave de
nossa busca de compreensão dos sentidos de tantas e complexas questões
que se encontram no centro de nosso
estudo atinente ao movimento “conselho
escola- comunidade” , defendido como órgão mais importante de uma
escola autônoma, alicerce da gestão escolar.
Entretanto falar em “autonomia” é mais que
falar em novas relações sociais na escola, em relações sócio-afetivo-cognitivas,
é mais que falar em relações alteritárias que se opõem às relações
autoritárias, é mais que falar em diversidade em oposição à uniformização, enfim, falar em
autonomia exige muito, muito cuidado, porquanto, hoje, a palavra
"autonomia", que etimologicamente quer dizer o governo de si próprio,
é empregada com “desvios” nas tramas das
relações sociais,ideológicos, entrando
em causa os contrapontos língua e sociedade;
por conseguinte, estende-se tal nebulosa da sociedade à escola,
maculando-a, alijando-a da transparência e publicização anunciadas, mas,
ainda, sob intrincadas práticas. A par disso, urge sublinhar que autonomia e democracia formam um binômio indissociável
pressuposto da escola cidadã que não
pode, em princípio, opor-se à unidade do
sistema de ensino; ou seja, a escola será tão mais autônoma e cidadã quanto for o grau de descentralização,
desburocratização, do seu respectivo
Sistema de Ensino; nas palavras de Georges Snynders: “A autonomia é
muito menos um dado a constatar do que uma conquista a realizar”
Com efeito, a gestão democrática propagada
pela Constituição e referendada pela LDB nº9394/96 não tem sido no cotidiano
das escolas uma realidade. Assim como a autonomia pressupõe democracia pode-se
afirmar que ambas encontram limitações para ser implantadas.
Destarte,
descentralização e autonomia caminham juntas e se nesse interstício está a
unidade do sistema, então, podemos concluir que a ousadia, aliada ao
empreendedorismo, será a palavra de ordem para a escola que prima
cumprir, com êxito, sua missão,
consoante sua visão de futuro, incorporando o novo,
desterritorializando-se, dialogando com o instituído para fazer emergir
o instituinte, o inusitado, a criação
que liberta das prisões cognitivas, para o constante intercâmbio com a sociedade: “É urgente a educação corretiva
do primado da razão: produzir conhecimento e caminhos para o entendimento dos
fenômenos bio-psico-sócio-antropológicos (Boaventura Santos e Edgar Morin)
O que vale enfatizar, neste momento, é que
a democracia é a chave-mestra da escola cidadã, onde a função social está
carregada de significado ao grau máximo possível de humanidade(s), de afetos, de
acolhimentos, de pertencimentos, de pluralismos de idéias, de confrontos mesmos
próprios da democracia, da inclusão que lhe é tão cara, da hospitalidade, da
compreensão, do diálogo, da solidariedade, da co-labor-ação; em suma, é nesse
cenário aberto que está, ou deveria
estar, o Conselho Escola-Comunidade, fomentando, aguçando, potenciando a
informação, pro-movendo o conhecimento, semeando a palavra-ação
Dito isso, vamos prosseguir com a expressão
“palavra-ação”, visto que ela está, manifesta e latente, ligada
à natureza intrínseca de nossa questão central: “Conselho Escola-Comunidade.
Face a isso, em linhas gerais, vamos
conhecer um pouco da origem etimológica
da palavra “ conselho”.
A palavra “Conselho” tem raizes
etimológicas no Latim “concilium”, significando “opinião, plano”; e de “consultare”, significando “perguntar, refletir, considerar maduramente”.
Denota
ainda tribunal, corpo deliberativo superior, assembléia de ministros, reunião de pessoas que deliberam sobre um
assunto particular. Porém, desde os tempos de antão, a palavra “conselho”
já denotava a fraternidade entre grupos que buscavam
interação, cooperação e conservação das crenças anteriores ao cristianismo na Europa, chamadas assim de Crenças
da Floresta. Suas bases são o paganismo, o politeísmo. E, ainda hoje, no século
XXI, na Era das Incertezas, da Física Quântica,
preservam-se essas instituições,
a conservação e resgate de tradições e consequentemente a
ancestralidade. Esse ramo semântico Greco-romano, em resumo, relaciona-se com
“Consus”, deus romano da colheita, ligado à agricultura, à terra, à
fertilidade; logo, com ligações semânticas com “cultura”, “cultivo”;nutrir, arar,
fertilizar, semear,tratar, cuidar, colher,nutrir, ou seja, um eterno recomeçar;
por analogia, assim, devem ser os Conselhos de Escola, à semelhança “desse
regimento ad-infinitum”. E como alhures dizemos dos hiatos com que ainda
nos confrontamos na experiência com nossos Conselhos de Escola, há motivos para
confiar, para a-creditar na escola que virá, que estamos construindo, com as
novas e intensas políticas públicas de inclusão, de cidadania. Tudo isso nos
remete ao pensamento de Antonio Gramsci : “Sou um pessimista pela inteligência,
mas um otimista por desejo”, para nosso alento e nossa motivação , perseverando
em “palavras-ações”: “No mundo inteiro, talvez um pouco mais na América Latina, as palavras
e a prática raramente se encontram e quando se encontram não se saúdam, pois
não se reconhecem”( Eduardo Galeano)
A TEMPESTADE
Para que os cajueiros possam florir
caiu esta chuva
que apagou as estrelas
e encharcou os caminhos.
Água e vento derrubaram as cancelas antigas,
quebraram telhas,
vergaram árvores,
suprimiram cercas,
desalojaram abelhas e marimbondos,
enxotaram os pássaros predatórios,
e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.
Este é o regimento do mundo: relâmpagos e raios antes da flor e do fruto.
Ledo Ivo
Para que os cajueiros possam florir
caiu esta chuva
que apagou as estrelas
e encharcou os caminhos.
Água e vento derrubaram as cancelas antigas,
quebraram telhas,
vergaram árvores,
suprimiram cercas,
desalojaram abelhas e marimbondos,
enxotaram os pássaros predatórios,
e o galinheiro é um cemitério de pintos amarelos.
Este é o regimento do mundo: relâmpagos e raios antes da flor e do fruto.
Ledo Ivo
Elencando , a propósito, as palavras de
Fredric Jameson, “Pensar é pensar fora das caixas”, pois para vencer o
grande desafio de nossa escola pública, que é o de assegurar a excelência de qualidade
de educação para todos , isto é, uma escola cidadã, inclusiva, acolhedora,
hospitaleira, uma concepção aberta do Sistema Educacional , descentralizado, é
imprescindível que individual e coletivamente sejam percorridos os caminhos da
(auto) confiança na escola, em movimento, em interação, dialogando
permanentemente,com foco para a
responsabilidade social e formação de cidadania- RS/FC (índices da
Gestão Integrada da Escola_GIDE). Isso implica consolidar no lócus
escolar, novas e profundas, locais e
globais, relações sociais, disseminando as
marcas mais significativas de nosso tempo, o pluralismo , o respeito às
diversidades, a hospitalidade, a afirmação das singularidades, o local e o
global, Tornando visíveis, e dizíveis, as dinâmicas de uma sociedade escolar, posto
que é responsabilidade ética coletiva !
Esta é a escola dos novos paradigmas
emergentes, propugnados pela século XXI, exigindo uma escola leve e coesa,
conciliando necessidade, utilidade e prazer; escola com
sabor, “escola fome gerante”,
afastando-nos dos malfadados e letais dogmatismos, como clama Boaventura
Santos, no Discurso sobre as Ciências : “Os
novos paradgmas conduzem uma luta apaixonada contra todas as formas de
dogmatismo e autoridade”
Nesses
vieses, estão os Conselhos de Escola, colegiados , organizados, instituídos, mas também, instituintes
e, aqui, reside a força e o poder dos Conselhos de Escola, a mola-mestra para o
efetivo e eficaz trabalho de consecução integral e exitosa entre Conselho de
Escola e Comunidade, estimulando a
participação efetiva dos organismos colegiados, fortificando ações e procedimentos que consubstanciem os organismos colegiados, visando, sobretudo, melhorar o processo ensino-aprendizagem,
organizar momentos de planejamento das ações dos organismos colegiados,
propiciar momentos das avaliações das ações planejadas , como também do
cotidiano escolar, ra(re)tificar o PPP da Unidade Escolar , os projetos profissionais
e mesmo os projetos de vida, respondendo aos anseios e expectativas das pessoas
que integram a comunidade escolar, um modo especial de cuidado das gestões
pedagógica, ambiental e administrativa, “ex-tensões” inter-pessoais em
amplitude e abrangência, com o propósito precípuo e profícuo de fazer eclodir
os intercâmbios, verdadeiros “percursos
de mapas e saberes”, nas palavras de Certeau , e que, aqui, transcrevemos,
entendendo tais percursos em analogias na relação “Conselho Escolar e Comunidade”
Percursos e mapas de saberes
(...) Eu
gostaria de precisar melhor as relações entre indicadores de “percursos” e
indicadores de “mapas” onde coexistem numa mesma descrição. Qual é a
coordenação entre um fazer e um ver, nesta linguagem ordinária onde o primeiro
domina de maneira tão evidente? A questão toca finalmente, na base dessas
narrações cotidianas, a relação entre o itinerário (uma série discursiva de
operações) e o mapa (uma descrição redutora totalizante das observações), isto
é, entre duas linguagens simbólicas e antropológicas do espaço. Dois pólos da
experiência. Parece que, da cultura “ordinária” ao discurso científico, se
passa de um para o outro. (Michel de Certeau)
É, deveras, na re-invenção do cotidiano
que se funda, instaura-se, justifica-se, consolida-se o Conselho de
Escola, visando, sobremaneira, integrar a escola no
processo de desenvolvimento humano e social; por isso, a escola abre suas “portas” para discutir com
a comunidade as propostas de formação de um novo cidadão, capaz de exercer
plenamente sua cidadania. Mediante a tudo isso,
o Conselho Escola é assim , por natureza implícita, um “centro de convivências”,
“socci”, porquanto essa palavra nos remete , em sua raiz etimológica, ao signo
de “companheiro”, com ele estabelecendo um elo semântico, histórico e elo de ramos ideológicos, pois, “socci” tem étimo
comum a “companheiro”, esta palavra de
formação transparente, vem de “cum
pane”, a ação de comer do mesmo pão. Nas
voltas que a história dá, também vão as palavras, e hoje, embaralham-se os
signos, as significações,enche-se a vida de ditas e desditas, de fábulas e
confabulações, companheiros são “partidários
políticos”, dividem entre eles os “pães”( em tese); “socci” , “social” é “apartheid” sob as vestes
de “grupo”, “tribo”, e mesmo “comunidade”. Essas e outras investidas contra as
palavras perturbam as convicções, os valores, os ideais, as crenças.
Algo semelhante, vivencia-se na
escola, perdida entre referenciais, sob o espírito da pós-modernidade, tudo, ou
quase tudo, parece divergir, o esclarecimento parece impossível, o desencanto e
a ausência de compromisso intensificam-se, a coesa e benfazeja narrativa torna-se
rarefeita, “rarefação da mensagem”, inequívoca lerdeza dialética,
entorpecimento da reflexão, liquidez da globalização desenfreada, babélica.
Zygmunt Bauman, ilustre sociólogo da atualidade, vem nos auxiliar a compreender melhor o tempo
em que vivemos, a Escola que temos, o Conselho de que precisamos:
“Tudo é temporário. É por isso que sugeri a
metáfora da “liquidez” para caracterizar o estado da sociedade moderna, que,
como os líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de manter a forma. Nossas
instituições, quadros de referência,
estilos de vida, crenças e convicções
mudam antes que tenham tempo de se solidificar em costumes, hábitos e verdades
“auto-evidentes”. (BAUMAN apud PALLARES-BURKE)
Mas,
ora, retornamos ao nosso Conselho Escola- Comunidade, compreendido como um centro eminentemente de encontros,
“socci”, de “companheiros”, logo, onde deve se implantar, e implementar, a “galanteria do convívio”, re-unindo pessoas diversas, “diferentes e
iguais”, com paridade de direitos e deveres, um espaço de compromisso ético,
embasada e aberta para receber, acolher, a diversidade das sociedades humanas ,
diferenças culturais e étnicas. Dessa forma, configura-se o Conselho escola
como instrumento dos mais relevantes para a Educação em Direitos Humanos, em
Direitos Sociais, fortalecendo as relações interpessoais e intrapessoais, a
auto-estima, revivificando identidades,
pertencimentos, memórias pessoais e coletivas.
Em suma um Conselho escola – Comunidade(s) de persuasão e sinergia
máxima possível à GALANTERIA
DO CONVÍVIO- ESCOLA DE PAZ, UM ESPAÇO NUCLEAR PARA A EXECELÊNCIA DA GESTÃO DE
PESSOAS, “UM CENTRO DE ENCONTROS” ,“CENTRO SOCCI DE CONVIVÊNCIAS”
. Essa abordagem está de acordo com o que Adorno pensa sobre a
capacidade subjetiva que tem o ser humano para conquistar a sua felicidade: “ Não só a possibilidade objetiva –
mas também a capacidade subjetiva para a felicidade – é própria da liberdade ”(Mínima Moralia, Theodor Adorno)
Percebe-se, desse modo que o Conselho Escola, juntamente com a criação de outros espaços institucionais de participação, propícios para que novas relações entre os
diversos segmentos escolares possam acontecer, embora já com há alguns anos de implantação nas escolas da
Rede pública, ainda, encontra entraves
na sua prática, porquanto persiste em muitas escolas, e/ou em sistemas
públicos de ensino, a visão
funcionalista e estática da educação, se não, a burocracia instalada nos aparelhos de Estado,
instâncias de poder intermediário,
modelo hierárquico e vertical de poder vem obstaculizar a efetivação de um entendimento em que o
Conselho possa , a partir do conhecimento do seu funcionamento, ser visto como
um potencial aliado na concretização de
uma gestão democrática, da escola cidadã
Importa
enfatizar que o desconhecimento da
comunidade escolar a respeito
do Conselho Escolar faz com que o mesmo deixe de
realizar sua função primordial que é auxiliar e colaborar com o diretor na discussão
e implementação de novas formas de organização e gestão escolar, como diz Naura Syria :“ A análise das possibilidades da administração da educação como prática educacional destinada não à manutenção, mas à construção coletiva e organizacional da instituição educativa vinculada ao projeto político-pedagógico da escola, tendo como referencial o contexto global e as teorias contemporâneas que valorizam a potencialidade e a capacidade participativa do ser humano, ressignificam o valor dessa prática, conferindo à gestão da educação uma práxis que tenderá a superar nas organizações educacionais, as fraquezas institucionais e humanas que resultam em exclusão, desigualdades e injustiça.”
(Ferreira, Naura Syria)
Então, aqui, aportamos, não
porque traçamos linhas retas, percursos pré-definidos, itinerários
deslumbrantes, sossegados; outrossim , antes, e sobremaneira, consoante o
ensinamento de Adorno, procurando “verificar em cada texto, cada fragmento,
cada parágrafo, se o tema central sobressai com nitidez” ( Theodor Adorno); assim,
estamos chegando, não como partimos, visto que trazemos na bagagem muitos mimos
, regalos, mas também, muitas asperezas, desânimos, “des-atinos” , colhidos em
nossas passagens e paragens, mas... “ Tudo vale a pena quando a alma não é
pequena”.(Fernando
Pessoa.) . Daí, prosseguimos...: “Qual é o seu Conselho?!”
"Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar."
Nesse diapasão, acresce sublinhar a
relação das comunidades internas e externas com o bem-comum, o bem estar social, segundo Zygmunt Bauman é necessário recuperar o sentido da palavra “comunidade”:
“comunidade é nos dias de hoje outro nome do paraíso perdido... Mas que
esperamos ansiosamente retornar, e assim buscamos febrilmente os caminhos que
podem levar até lá” . A escola parece ser um dos elos do “paraíso perdido” (
Zygmunt Bauman)
É preciso, portanto, ratificar a relação do Conselho com a comunidade interna e externa, pois dessa relação depende a legitimação, ou não, do conselho como órgão verdadeiramente
representativo;tendo em vista que :” O conselho de escola participativo é
processo e resultado da gestão democrática” (Freire)
Afora, muitas lacunas a preencher nesse processo “Conselho Escola-Comunidade”
para que ele cumpra integralmente, com eficácia e eficiência, a sua função
primeira que é a melhoria da escola, do processo ensino-aprendizagem, para o
sucesso do aluno, logo, para o sucesso
de todos os envolvidos neste processo e mesmo da própria sociedade com a perspectiva de se tornar mais equitativa
e equânime, nas vigências da justiça
social e da paz
Enfim, um
dos fatores relevantes que, aqui,
queremos destacar diz respeito aos limites de participação dos pais e de outros
membros da comunidade escolar, no âmbito das questões pedagógicas, sobretudo,
aquelas que constituem a ação efetiva do corpo docente. Demais, são
irrefutáveis as “limitações” de participações dos docentes nos projetos, planos
e ações pedagógicos, tampouco nos Conselhos Escola. A angústia, o mal-estar
docente, está semeado no chão da escola, desestabilizando-a, vitimando o aluno,
então, “evadido ?! Não!!!”, “abandonado!!! Sim!!!”
Face à essa realidade indesejável, também, vemos, não
raro, a representação amadora do papel
representado pelo Conselho Escola – Comunidade, fazendo-se urgente capacitar,
ou melhor, antes, sensibilizar, os
professores para suas profissões, seus ofícios; assim, re-aprendendo, apreendendo,
ab-sorvendo :
“Em nossas práticas
cotidianas docentes (falar, ler, dar aulas, corrigir trabalhos, elaborar
provas...), tanto repetimos o estabelecido como refazemos o determinado através
de pequenos golpes, simulações polimorfas, achados que provocam euforias, tanto
poéticas como bélicas. Certeau afirma que os gregos designavam métis, as astúcias e as simulações de
plantas e de peixes para sobreviverem. A
esse ato de ampliar nosso domínio cognitivo reflexivo, que sempre implica uma
experiência nova, só podemos chegar pelo raciocínio motivado pelo encontro com
o outro, pela possibilidade de olhar o outro como um igual, num ato que
habitualmente chamamos de amor - ou, se não quisermos usar uma palavra tão
forte, a aceitação do outro ao nosso lado na convivência. (Maturana
e Varela)
De par com as circunstâncias e contexto,
multiplicam-se as interrogações,
fazem-se misteres os esclarecimentos, sempre, tendo em conta novos
velhos des-a-fios, esses se ex-põem à comunicação, urge semear, disseminar a
palavra bem-dita, multiplicar a informação, gerar ---, colher o conhecimento, o
bem-estar, evocar, semear . Nesse quadro, em primeiro plano, foco direto, para
o presidente do conselho escola-comunidade
Importa
sublinhar que a democracia é a chave-mestra da escola cidadã, onde a função social está
carregada de significado ao grau máximo possível de humanidade(s), de afetos,
de acolhimentos, de pertencimentos, de pluralismos de idéias, de confrontos
mesmos próprios da democracia, da inclusão que lhe é tão cara, da
hospitalidade, da compreensão, do diálogo, da solidariedade, da co-labor-ação.
Afora, muitas lacunas a preencher nesse processo “Conselho Escola Comunidade”
para que ele cumpra integralmente, com eficácia e eficiência, a sua função
precípua que é a melhoria da escola, do processo ensino-aprendizagem, para o
sucesso do aluno.Urge,
pois, ratificar a relação do
Conselho com a comunidade interna e
externa, pois dessa relação depende a
legitimação, ou não, do conselho como
órgão verdadeiramente representativo.
No que tange a não-participação
ou à participação pouco ativa dos representantes no conselho o mesmo se dá devido a diversos fatores. Dentre eles podemos
citar o desconhecimento da real função do conselho, falta de tempo específico
para a função, falta de incentivo aos conselheiros por parte da direção, falta
de articular encontros em horários que possibilitem a presença dos membros do
conselho, empobrecimento do relacionamento inter-pessoal e até mesmo, pela
visão negativa a respeito de tal participação. De
par com as circunstâncias e contexto, multiplicam-se as interrogações, fazem-se
misteres os esclarecimentos, sempre, tendo em conta novos velhos des-a-fios,
esses se ex-põem à comunicação, urge semear, disseminar a palavra bem-dita,
multiplicar a informação, promover o conhecimento, o bem-estar comum . Nesse
cenário, o foco recai sobre o presidente
do conselho, o gestor da escola, sobre ele, o plano geral, situações-problema
são “ re-tratos” da escola. Faça-se uma reunião, reúnam-se todos,
“palavra-ação”, democracia!
Neste ponto do trabalho, democrático, fica instituído, por oportuno, e
interesse coletivo: potenciar, permanentemente, a comunicação ”clara e
transparente”, revigorar o planejamento para reunir seus membros;
“capacitar” os agentes partícipes do conselho, envolvendo-os mais nos des-a-fios
da (auto) avaliação; ra(re) tificar , por respectivo edital de convocação, e
outros meios de comunicação, chamadas interativas , e sinérgicas, para reuniões
do conselho; dar transparência e publicização máximas possíveis aos pontos de
pauta , deliberações, e tomadas de decisões do conselho, escriturando, na
presença de todos, com fidedignidade, a
ata do conselho, lida e aprovada por todos; estabelecer uma “agenda sinóptica”
para resumir os pontos-chave acordados a cada
reunião do conselho; criação de folders e banners ilustrativos e
persuasivos, fortalecendo o fluxo da comunicação, divulgar através das redes
sociais (blog, facebook) o conselho escola-comunidade; revivificar a natureza intrínseca instituinte do
conselho, democrático:“a
cada um seu rumo pessoal, com o respeito ao outro, memória formadora contínua,
individual e coletiva”. A decisão final será , sempre, o presente,
respeitando-se a natureza democrática do conselho escola
É,
deveras, na re-invenção do cotidiano que se funda, instaura-se, justifica-se,
consolida-se o Conselho de Escola, visando, sobremaneira, integrar a escola no
processo de desenvolvimento humano e social. Por (Para) isso, a escola abre suas “portas” para discutir com
as comunidades as propostas de formação de um novo cidadão, capaz de exercer
plenamente sua cidadania, local e global...Aqui, ora, aportamos, “QUAL É O SEU
CONSELHO?!”
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